Carlos Bastos - Comentários Críticos

“...Carlos Bastos não sofre de assombrações naturalísticas. Criativo, abandona o simplismo da realidade visual para transmitir ao apreciador o sentimento da desumanização das formas. Não que se tenha libertado totalmente e chegado até as últimas conseqüências da estética abstracionista. Timido ainda, porque pesquisador consciente, trabalha, entretanto, silenciosamente em busca de formas plásticas que corresondam aos seus mais íntimos anseios de artista. Sensual, freudianamente sensual, nos temas, nas formas e nas cores...”

In: “PORTUGAL, Claudius H. Carlos Bastos: desenhos. Salvador (BA): Faz Cultura, Governo da Bahia, Secretaria da Fazenda [e] Secretaria da Cultura e Turismo, 2001. P. 86.



Carlos Bastos – Além, pouco além de Itapuã, estende-se a praia de mar bravio de Pedra do Sal. Nela, Carlos Bastos levantou sua casa, casa senhorial, requintes compatíveis com seu dono, artista de tela e cavalete, mestre na argila e no cinzel. Logo à entrada, na casa da Pedra do Sal, junto à porta, encontra-se sobre uma coluna o busto de Molière com sua vasta cabeleira, trabalho do dono da casa. Conta-se que dois franceses foram visitar Carlos e, ao reconhecerem o célebre conterrâneo, exclamaram entusiasmados: O lá-lá”Molière”! O empregado da casa que lhes abrira a porta, sabido como ele só, os corrigiu em seguida: Não é mulher, não. Seu Carlos disse que é homem mesmo. O pintor Carlos Bastos se diferencia de todos os pintores da Bahia: em seus quadros ele consegue, brincando com as tintas, retratar, à perfeição, pessoas de sua intimidade e personagens da Bahia.”

In: (GATTAI, Zélia A Casa do Rio Vermelho Rio de Janeiro 6ª. Ed. Record, 1999.) 


Carlos Bastos é considerado um dos pioneiros da arte moderna baiana, explorando, sobretudo, temáticas relacionadas à cidade de Salvador. Para o crítico Simonsen Bozano, destaca-se "pelo clima fantástico de sua figuração". Para Jorge Amado, "Carlos Bastos recriou a Bahia – seu casario, sua atmosfera mágica, seu espírito, sua poesia [...]. Recriou também o céu, seus anjos e santos, e ainda aí era um céu baiano, barroco e eivado de mistério". Clarival do Prado Valladares (1983) afirmou: "Carlos Bastos dispensa a paisagem para enfrentar o problema mais grave da organização plástica. Por isso, ao invés de indicar a poeticidade de seus quadros, prefiro apontar a plasticidade, que é o caráter mais decisivo de sua atual e exuberante pintura". 

In: (VALLADARES, Clarival do Prado. In: GEROT-GALERIA. Carlos Bastos: pinturas recentes: catálogo. São Paulo,1983).


“Carlos Bastos, considerado o maior muralista da Bahia, mantinha religiosamente, desde os 16 anos, o hábito de registrar a vida em diários. Entre 1941 e 2004, quando morreu, preencheu de histórias 60 cadernos. Eles ficaram aos cuidados do seu companheiro Altamir Galimbert, com quem o artista conviveu por 34 anos. Altamir abriu os diários pela primeira vez para a repórter Cássia Candra, que os leu e os conta na 94ª edição da Revista Muito”. 

A reportagem traz fragmentos  das lembranças, história e memórias de Bastos. Estão lá fatos históricos, como o final da Segunda  Guerra Mundial, e sua amizade com artistas famosos. A partir da iniciativa de amigos, é possível que os diários sejam transformados em livro. Bastos é autor de trabalhos memoráveis, como o painel A Procissão do Bom Jesus dos  Navegantes, pintado entre 1973 e 1975 para a Assembleia Legislativa da Bahia.

In: (http://revistamuito.atarde.com.br/?p=3897)