Carlos Bastos

(Salvador/BA, 1925-2004)
Pintor, ilustrador e cenógrafo. Começou a pintar aos 16 anos, quando ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia, em Salvador, concluindo o curso em 1945 na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Teve diversos professores, entre os quais Iberê Camargo e Candido Portinari. Em 1946 frequentou a Sociedade Brasileira de Artes e estudou ainda na Fundação Getúlio Vargas. É nesse mesmo ano que o artista estuda cenografia com Martim Gonçalves (1919-1973). Em 1947 faz uma viagem de estudos aos EUA, onde matricula-se no Art Student League de Nova York. Voltou à Bahia em 1949, ano em que teve telas rasgadas por defensores do academicismo durante uma exposição. Viajou no mesmo ano à França, onde estudou pintura muralista na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts. No hotel Royer Collard em Paris, Carlos Bastos pinta nesse ano o painel A Salvação. De volta ao Brasil, atuou como cenógrafo no Rio de Janeiro em 1952 e faz por fim seu regresso a Salvador em 1959, onde montou seu atelier no Solar da Junqueira. Publicou um álbum de desenhos de Salvador (prefaciado por Jorge Amado) e editou Igrejas, Santos e Anjos da Bahia com o prefácio do grande escritor baiano, ilustrando também outras obras literárias. Bastos teve uma vida artística bastante prolífica somando cerca de 70 exposições individuais e cerca de 130 exposições coletivas ao longo de sua carreira. Ele começou a expor em uma coletiva de 1944, e sua primeira exposição individual ocorreu em 1947, na Biblioteca Pública de Salvador. A partir daí, teve diversas exposições individuais nos EUA e em muitas regiões do Brasil. Chama-nos a atenção ainda que, em 1955, o artista tenha participado do concurso de pintura “Cristo de Cor”, realizado pelo Teatro Experimental do Negro (RJ), recebendo na ocasião a medalha de bronze no 26º. Congresso Eucarístico Internacional. Entre as inúmeras exposições coletivas das quais participou, destacam-se o Salão Nacional de Arte Moderna (de 1952 a 1955), a II Bienal de São Paulo (1954), a I Bienal Nacional de Artes Plásticas de Salvador, em 1966 (onde teve uma sala especial) e a I Semana da Bahia, em Dacar (1980), entre outras exposições no Brasil, nos EUA, na França, na Espanha e na Rússia. Obteve medalha de prata no Salão Baiano de Belas Artes em 1949 e 1950 e o prêmio Jabuti de Ouro de 1958 na categoria de ilustrador da obra “Cidade de Salvador Caminhos do Encantamento”. Em 1967 recebeu uma medalha do Governo Federal pelos serviços que prestou à cultura, montando também, três anos depois, um atelier no Rio de Janeiro. Durante a década de 1970 trabalhou como ilustrador para diversos livros, recebendo da prefeitura de Salvador em 1973 o título de “Benfeitor do Museu da Cidade. Em 1975 faz o retrato Pedro Arcanjo no Filme “A Tenda dos Milagres” de Nelson Pereira dos Santos e em 1981 recebe a Ordem do Mérito, título de Comendador, recebido diretamente do governador do Estado da Bahia. Em 2004 ficou em coma induzido em função do rompimento de uma hérnia no intestino, vindo a falecer 30 dias depois de falência múltipla dos órgãos. Seguindo decisão do artista seu corpo foi cremado.

Personalidades Relacionadas

Iberê Camargo
(1914-1994)
Pintor, gravador, desenhista e professor, transitou entre a pintura figurativa e o abstracionismo.

Candido Portinari
(1903-1962)
Pintor, gravador, ilustrador e professor, expoente da pintura modernista no Brasil.

Jorge Amado
(1912-2001)
Escritor baiano famoso pelos romances de temática regionalista.


Clarival do Prado Valladares
(1918-1983)
Crítico e historiador da arte nascido em Salvador, escreveu no Jornal do Brasil e editou os Cadernos Brasileiros.


Martim Gonçalves
(1919-1973)
Cenógrafo e Diretor de teatro recifense que estreou como tradutor e adaptador da peça Édipo Rei, no Recife em 1949, e encenou peças de Jean Genet a Nelson Rodrigues.