Arte Naif



A noção de espontaneidade advinda de um aprendizado autodidata ou relacionado à intimidade familiar e entre gerações sempre esteve associada à arte dita “Naïf”. Do ponto de vista de sua origem, quase nunca o termo foi empregado ao estilo artístico adquirido através do treinamento formal dado pelas escolas, universidades e liceus de arte. No entanto, em seu surgimento, o termo Naïf, do Francês “Ingênuo” foi associado ao pintor pós-impressionista Henri Rousseau (1844-1910)  que, no final do séc. xix, levou ao pós-impressionismo francês certos temas e elaborações pueris e ingênuos, mas que iriam deixar posteriormente uma marca de forte influência em modernistas como Picasso, Léger, entre os surrealistas e em outros.

 Atualmente, portanto, o termo não teria uma acepção que se pretendesse “científica” a ponto de separar aquelas que seriam as obras “ingênuas” das outras que não seriam classificadas assim. Trata-se antes de uma impressão, de um contexto e que se assuma certas características estéticas múltiplas que os curadores identificam em alguns objetos artísticos de determinados circuitos fazendo-os adquirir essa “aura” ingênua. Sendo assim, ao incluir aspectos instintivos, originais, pueris, não ligados à tradição acadêmica formal, “naïf” seria um termo por vezes associado ao termo “arte popular”, porque este possuiria padrões advindos de ateliers familiares, principalmente com cenas simples da vida rural ou íntima com espontaneidade na figuração, em geral sem códigos de perspectiva e com apresentação geral livre, mas distingue-se desse na medida em que o termo “naïf” é geralmente atribuído a uma obra original de um artista específico e não a um atelier.

Este termo ganhou hoje novas acepções dentro do mundo da arte. Artistas contemporâneos associados tantos aos museus de arte convencionais quanto à tradição artística modernista ou a pós-moderna e que também apresentam despojamento da forma, aparente falta de convencionalidade, por vezes, o figurativismo seriam artistas que se aproximariam de uma linguagem dita “naïf”, no sentido de expressarem uma obra menos atada às convenções da arte.

No Brasil, obras de artistas como Heitor dos Prazeres (1898-1966), Djanira (1974-1990), Mestre Vitalino (1909-1963) e inúmeros outros, já foram  considerados em algum momento como “artistas naïves” (plural de Naïf).


Fontes de pesquisa:

BIHALJI-MERIN, Oto . Modern Primitives: Masters of Naive Painting. trans. Norbert Guterman. New York: Harry N. Abrams, 1959.

CENTRO EMPRESARIAL DO AÇO (SP). Um olhar sobre a arte Naif brasileira. apresentação Oscar D'Ambrósio;. São Paulo: Centro Empresarial do Aço, [s.d.].

CLÓVIS JUNIOR. Teatro de cores: 20 anos de pintura. Paraiba: [s.n.], [2004].

FINKELSTEIN, Lucien, 1931-. Zeitgenössische naive Malerei aus Brasilien = Brazilian naïf art of today = Naïfs brasileiros de hoje. São Paulo: Camâra Brasileira do Livro, 1994.

ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. Pesquisa Cacilda Teixeira da Costa, Marília Saboya de Albuquerque. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983.

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo5357/arte-naif