Arte concreta
Em 1930, o artista plástico holandês Theo van Doesburg publicou, no primeiro e único número da revista Art Concret, em abril de 1930, o que viria a ser o manifesto de uma corrente estética denomina "arte concreta":
"Declaramos: 1. A arte é universal. 2. A obre de arte deve ser inteiramente concebida e formada pela mente antes de sua execução. Ela não deve receber nada das propriedades formais da natureza ou da sensualidade e do sentimento. Queremos excluir o lirismo, a dramaticidade, o simbolismo etc. 3. O quadro deve ser construído inteiramente a partir de elementos puramente plásticos, isto é, superfícies e cores. Um elemento pictórico não possui outro significado além de 'si mesmo' e, portanto, o quadro não tem outro significado além de 'si mesmo'. 4. A construção do quadro, bem como seus elementos, deve ser simples e controlável visualmente. 5. A técnica deve ser mecânica, isto é, exata e antiimpressionista. 6. Esforço visando absoluta clareza."
Apesar de Van Doesberg ter morrido no ano seguinte, sua denominação alcançou notoriedade, e diversos artistas entre as décadas de 1930 e 1950 reivindicaram para sua obra a descrição de "arte concreta". Sua principal característica era a abstração geométrica, sem nenhuma referência ao mundo exterior. Seu objetivo era ser um produto claro e racional da mente consciente e livre de ilusões de um artista, em vez de ser expressão da irrazão e do inconsciente (como ocorria com os surrealistas, no mesmo período). Formas geométricas e superfícies homogêneas tornaram-se uma marca da corrente.
Na Europa após a II Guerra Mundial, os debates sobre a arte abstrata normalmente opunham uma abstração "fria" da arte concreta (isto é, geométrica e racional) a uma abstração "quente" de correntes como o expressionismo abstrato.
Max Bill definiu a arte concreta da seguinte maneira: "a pintura concreta elimina toda e qualquer representação naturalista; serve-se exclusivamente dos elementos fundamentais da pintura, a cor e a forma da superfície. Sua essência é, assim, a completa emancipação de todo modelo natural; criação pura."
A arte concreta exerceu influência considerável sobre diversos artistas plásticos brasileiros, sobretudo a partir de 1951, quando a I Bienal de São Paulo concedeu a Max Bill o primeiro prêmio. A presença do concretismo no Brasil se consolidou em 1956/1957, com a Exposição Nacional de Arte Concreta, que reuniu não apenas artistas plásticos como também poetas ligados à chamada poesia concreta.
Fontes de pesquisa: - CHILVERS, Ian. Dicionário Oxford de arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001, p. 122
- DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2003, p. 159-60.
- ITAÚ CULTURAL. Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm. Acesso em: 08 dez. 2010.
- MARCONDES, Luiz Fernando. Dicionário de termos artísticos. Rio de Janeiro: Edições Pinakotheke, 1998, p. 71.