Arte Barroca no Brasil
Visualmente, o barroco (“pérola imperfeita”), como ficou conhecida posteriormente a produção artística elaborada entre os anos de 1600 a 1800 é constituído por linhas e dobras irregulares e imponentes que limitaram a tendência à perfeição renascentista das formas e abrindo espaço ao subjetivismo e à quebra de regras fechadas. Os artistas barrocos brasileiros, em grande número constituído de afro-brasileiros expressavam em suas obras para as igrejas (sobretudo em Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro, Espirito Santo e algumas poucas em São Paulo) as características de um estilo que foi apropriado da Europa a partir do séc. XVIII. A produção artística do período era realizada em “corporações de ofícios” associações de técnicos que regulamentavam o processo produtivo. Nessas corporações havia um mestre que ditava o plano da obra, enquanto seus discípulos geralmente executavam o grosso do trabalho.
No Brasil, o alcance da arte dita barroca em outras áreas também deve ser relatado. Na literatura, por exemplo, os expoentes máximos foram o poeta baiano Gregório de Matos (1636-1696) e o clérigo português radicado no Brasil desde os onze anos de idade Antônio Vieira (1608-1697). Tanto quanto na plástica, na música foi aonde também ocorreu a “maior mulataria”, para utilizarmos de uma frase de Mário de Andrade em relação aos trabalhos de arquitetura, pintura e escultura produzidas diretamente ou ornamentadas por negros. Entre os maiores nomes musicais do barroco musical brasileiro encontramos Manuel Dias de Oliveira (1745-1813) Lobo de Mesquita (1746-1805) João de Deus de Castro Lobo (1794-1832) e o grande José Maurício Nunes Garcia (1767-1830), descendente de escravos que se tornou o maior compositor brasileiro do período.
Embora os artistas do período fizessem de início adaptações estilísticas das produções da metrópole, as realizações do barroco no país encarnaram características singulares e não constituíam mera cópia do modelo europeu, ainda que, para alguns historiadores da arte brasileira, essa singularidade aparecesse na arte barroca do país apenas de modo latente. Que se atribua essa inventividade à inserção do “mulato” ou a alguma outra particularidade da sociedade colonial, essa é ainda uma questão de disputa teórica. É fato, contudo, que os mulatos Teófilo de Jesus, Frei Jesuíno de Monte Carmelo, Mestre Valentim e sobretudo Aleijadinho figuram entre os representantes máximos do estilo.
Fontes de pesquisa:
ANDRADE, MÁRIO DE. Aspectos das artes plásticas no Brasil. 3.ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1984
ARAUJO, E. o Universo Mágico do Barroco Brasileiro. São Paulo: SESI, 1998.
BAETA, R.E. Teoria do Barroco. Salvador : EDUFBA - PPGAU, 2012.
MARAVALL, J. A. A cultura do barroco : análise de uma estrutura histórica. São Paulo : EdUSP, 2009.
TIRAPELLI, Percival, org. Arte sacra colonial: Barrocomemória viva. São Paulo: unesp/imesp, 2001.
__________________. Baroque churches of Brazil São Paulo: Metalivros, 2008.
TOLEDO, B.L. Esplendor do barroco luso-brasileiro / Benedito Lima de Toledo.
Cotia : 2. ed Ateliê, 2015.