Madeira Brasil


Não foi à toa que a recém-descoberta Terra de Santa Cruz teve, a partir de 1530, seu nome modificado para Colônia do Brasil. A primeira forma efetiva de exploração da terra e da gente daqui se constituiu no comércio de madeiras extraídas pelos índios e trocadas com os portugueses pelos mais variados objetos e utensílios. 

Abundante e com grandes qualidades mecânicas, logo a madeira tornou-se a principal matéria prima das ferramentas e equipamentos fabricados no Brasil, seja em ambiente rural ou urbano. Moenda, roda d’água, prensa, pilão, carro de boi, tudo era feito em madeira. O uso farto da madeira é uma das principais características das arquiteturas paulista e mineira do século XVIII.

Os carpinteiros e marceneiros eram, portanto, fundamentais para o funcionamento dos engenhos de açúcar, a produção de alimentos e o minério. A irmandade de São José, o santo protetor desses trabalhadores, foi a mais próspera da cidade do Rio de Janeiro ao longo do século XVIII, não só devido ao enorme número de associados como também em razão do alto volume de recursos que era capaz de reunir.

O emprego de escravos nas funções de marcenaria e carpintaria era fator comum na colônia. Os empreiteiros e donos de escravos estimulavam a aprendizagem destes na expectativa de lucrar com seus alugueis. Assim, muitos negros tornaram-se carpinteiros e marceneiros oficiais da colônia.

Núcleo de Pesquisa do Museu Afro Brasil – Nov. 2012


Fonte:
BANDEIRA, Julio e LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil. Rio de Janeiro: Capivara Ed. 2007.
CUNHA, Luiz Antônio. O ensino de ofícios artesanais e manufatureiros na Brasil escravocrata. São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: FLACSO, 2005.