(Santos/SP, 1764 – Itu/SP, 1819)

Pintor, arquiteto e músico. Filho de uma escrava alforriada, não conheceu o pai. Há poucas informações sobre sua escassa formação artística em Santos, tendo ele sido "praticamente um autodidata" para o crítico José Teixeira Leite. Manifestando um pendor à religiosidade desde jovem, ligou-se ao convento carmelita de Santos, onde teve formação musical e trabalhou como ajudante, sacristão, organista e pintor. Transferiu-se em 1781 para Itu e tornou-se ajudante e discípulo do artista José Patrocínio da Silva Manso, a quem viria a suceder. Casou-se em 1784 e, depois da morte da esposa em 1793, optou por se dedicar ao sacerdócio, ordenando-se padre da ordem carmelita em 1797. Muito embora a maior parte de sua produção artística date de seus tempos de leigo, acabou ficando conhecido pelo nome adotado ao ingressar a ordem carmelita: Frei Jesuíno do Monte Carmelo. Elaborou os planos para a igreja do Patrocínio, em Itu, e dirigiu sua construção – arquiteto improvisado e amador, segundo Mário de Andrade –, mas não chegou a viver para ver a inauguração, morrendo em 1819. Atuou também como músico, chegando a construir um órgão para o convento do Carmo de Santos. Como pintor, sua obra tem temática religiosa e consiste na decoração de igrejas e conventos. Para José Teixeira Leite, o artista era "servido por uma visão ingênua e sem maiores recursos técnicos. Suas tentativas de perspectivismo, por exemplo, são de comovente simploriedade. Mas é nisso justamente que reside seu encanto peculiar, sua contribuição inconfundível à arte brasileira e paulista de fins do Setecentos." Mário de Andrade o considerou "a mais curiosa e importante figura da arte colonial paulista", observando seu individualismo e um certo desvio de sua obra em relação aos modelos vigentes do barroco europeu. Para o crítico, o artista se localizou num ponto intermediário "entre a arte folclórica legítima e a arte erudita legítima" e, de certa forma, refletiu "o popularesco da religiosidade brasileira".