(Rio Casca/MG, 1943)
Escultor. Foi criado em uma família camponesa em Minas Gerais, mas mudou-se para o Paraná ainda criança. Começou a produzir peças de barro na infância em companhia do avô, que era oleiro, e aprendeu a desenhar com a avó. Nos anos 1950, mudou-se para Belo Horizonte. Entrou em contato com a escultura de Aleijadinho, que o impressionou e o motivou a procurar instrução artística formal na Escola de Belas Artes; contudo, não encontrou cursos de torêutica. Ingressou no seminário em São João del-Rei (MG), onde começou a praticar a escultura em madeira, abandonando a carreira eclesiástica em 1965 e retornando a Belo Horizonte como artista. Começou expondo na feira de artesanato da Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, onde sua obra ganhou a atenção de críticos de arte. Em 1977, viajou à África e participou do II Festival de Arte Negra da Nigéria. Sobre esta viagem, afirmou: “ali, parece que algo dentro de mim acorda, se rompe e começo a me entender melhor”. Realizou exposições individuais a partir de 1972, em Belo Horizonte, Ouro Preto, Rio de Janeiro e São Paulo, e participou de exposições coletivas em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Bruxelas (Bélgica), Lagos (Nigéria) e Nova York (EUA). Conquistou o Prêmio de Aquisição no IX Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1977) e teve uma sala especial dedicada à sua obra na Bienal Nacional de São Paulo de 1976. Sua produção é majoritariamente composta por esculturas em madeira retratando santos e figuras da tradição católica com evidente influência da escultura barroca. Ângelo Oswaldo de Araújo define sua obra: “Corpo opulento, cara arredondada, em rebatimentos arredondados, olhos esbugalhados e cabeleira basta fazem parte do vocabulário de formas copiosas praticado por Maurino de Araújo.” Para Olívio Tavares de Araújo, o que caracteriza sua obra é “a concentração (no sentido químico do termo) e a intensificação de certos estilemas, certos procedimentos formais do barroco, tratados, porém, com uma rusticidade que lhes potencializa o impacto, a dramaticidade, a estranheza. [...] Ao invés de proselitismo faz exorcismo, e sua obra na verdade fornece [...] a atualíssima metáfora de uma humanidade machucada e grotesca".