(Benedito Bastos Barreto - São Paulo/SP, 1896-1947)
Cartunista, ilustrador, jornalista, escritor e pintor. Não recebeu educação artística formal, mas conseguiu publicar seu primeiro desenho em 1912, na revista Rio Branco. Logo depois, começou a desenhar para diversos periódicos, dentre os quais se destacam Folha da Noite e Folha da Manhã (ambas pertencentes ao grupo da atual Folha de S. Paulo), D. Quixote (RJ), Careta, Fon-Fon, O Cruzeiro e Revista da Semana. Seus desenhos foram publicados também em diversas revistas estrangeiras, dentre elas na revista portuguesa ABC, a Rire francesa, Caras y Caretas, da Argentina, a alemã Kladeradtsch e a revista Judge dos EUA. Embora seja desconhecida a data exata da publicação, logo no início da sua carreira publicou dois livros de caráter historiográfico “Velhas Igrejas do Brasil” e “Biografias de uma Cidade, uma história de São Paulo” (e não seriam os únicos com essa temática mais histórica). Na década de dez, a partir dos dezessete anos passou a colaborar com diversos canais da mídia paulistana e carioca, por exemplo, ainda em 1913 com periódico O Progresso: revista quinzenal, crítica, literária, humorística e noticiosa (SP). Em 1914, assina com a Revista Alvorada (SP) e, respectivamente, em 1915 e 1916 colabora com a Revista Alvorada (SP) e respectivamente, em 1915 e 1916 colabora com a Revista da semana (RJ) e o periódico A Vespa. De 1919 a 1922 colaborou com a revista Vida Paulista (SP) e de 1921 a 1922 com a revista A Garoa (SP). Em 1920 com a revista Miscellânea e o periódico A Gazeta, ambas de São Paulo. Trabalhou na revista A Cigarra de 1922 a 1927 e entre 1924 e 1925 colaborou com a Novíssima. Em 1921 foi inaugurado o Jornal Folha da Noite, onde atuou como cartunista e cronista, substituindo Voltolino (1884 – 1926) e passando a assinar suas caricaturas sob o pseudônimo de Belmonte. Foi nesse jornal que Benedito Bastos Barreto (Belmonte) notabilizou-se por criar em 1925 o personagem Juca Pato, representante das aspirações e críticas da classe média paulistana e autor do lema "poderia ser pior", em alusão resignada aos abusos cometidos pelos ricos. Essa personagem, que lhe rendeu 20 anos de sucesso na imprensa paulistana, era crítico em relação à política e fazia miríades de reclamações bem humoradas. Em 1927 participa da cenografia da peça teatral Aventuras de um Rapaz Feio, de Paulo Magalhães. Nesse mesmo ano, no governo de Washington Luís, entra em vigor a Lei Celerada, que, além de restringir o direito de reunião (com implicação direta no tenentismo e no operariado), censurava a imprensa, tendo implicações nas charges provocativas do Juca Pato. Em contraposição a essa restrição, o artista criou a personagem Gilóca, manifestando-se sobre o direito ao voto feminino. Entre 1936 e 1946, publicou no jornal Folha da Manhã uma série de charges contra os nazistas, o que lhe rendeu críticas de Goebbels em 1945. Publicou álbuns de desenhos e caricaturas e coletâneas de crônicas, além de ilustrar obras de Monteiro Lobato, Viriato Correia, Egon Schaden e Gioconda Mussolini. Nunca realizou uma exposição individual de suas telas, fato sobre o qual comentou: "Sou tão insatisfeito que, até hoje, não me abalancei a realizar uma exposição de meus quadros. Quero expor trabalhos perfeitos". Belmonte participou, porém, da 7ª e da 13ª edições do Salão Paulista de Belas Artes (1940 e 1947). Em 1939 Belmonte lançou o livro No Tempo dos Bandeirantes que declarou se tratar não de um livro de história, mas sim “uma simples reportagem retrospectiva sobre a história de São Paulo”. Belmonte morreu de tuberculose em 1947. Defendeu um ideal de arte popular que falasse a um público amplo sem ser vulgar. A este respeito, declarou: "O 'xis' da questão está em tomar um assunto complicado e difícil, digeri-lo, simplificá-lo e torná-lo acessível ao grande público. Resumir numa charge, por exemplo, um problema econômico ou financeiro, eis o ideal [...] fazer arte para ser entendido por algumas pessoas é criar uma aristocracia artística”. Herman Lima ressaltou o “refinamento da elaboração gráfica” e o “recurso frequente a fontes históricas, bíblicas e literárias”, o que, para o autor, às vezes prejudicava a “clareza de que se deve revestir a caricatura, na sua função precípua de caracterizar rapidamente um tipo ou uma situação”. Ao se questionar sobre a tristeza do humorista, disse: "Por que motivo quase todos os humoristas são tristes? Não sei, francamente, como responder. Creio que são tristes pela mesma inexorável razão por que as caveiras são alegres!" (em "A Cigarra", 1924).