(Augsburgo/Alemanha, 1802 – Weilheim/Alemanha, 1858) Desenhista e pintor. Nascido em uma tradicional família de artistas, iniciou sua formação com o pai, Johann Lorenz Rugendas, e com um dos tios. Estudou ainda com Albrecht Adam e se matriculou em 1817 na Academia de Belas Artes de Munique. Em 1822, partiu para o Rio de Janeiro como desenhista documentarista da expedição científica ao Brasil organizada por Georg Langsdorff, da qual se desligou após um desentendimento com seu organizador no final de 1824. A partir de então, viajou por conta própria por Minas Gerais e pela Bahia, regressando à Europa e instalando-se em 1825 em Paris, onde travou contato com Alexander von Humboldt e preparou a publicação de uma obra sobre sua viagem ao Brasil, intitulada Viagem pitoresca através do Brasil, editada apenas em 1834. Estudou pintura na França com François Gérard e durante uma viagem à Itália em 1828. Entre 1831 e 1846, empreendeu uma ambiciosa viagem à América, passando pelo México, Chile, Argentina, Peru e Bolívia, com uma última estadia no Rio de Janeiro entre 1845 e 1846. Na Europa, buscou sem sucesso patrocínio para publicar uma grande obra com os desenhos compostos durante essa viagem, que acabaram cedidos à coroa da Baviera em troca de uma pensão vitalícia. Sua obra se compõe majoritariamente de desenhos retratando paisagens, motivos naturais, cenas cotidianas e tipos locais americanos, incluindo aí diversos registros da vida dos escravos e indígenas no Brasil. Também executou telas em óleo, algumas a partir de desenhos. Afirmou sobre sua obra: “coloquei maior empenho em reproduzir exatamente a natureza e jamais sacrifiquei a verdade em benefício de efeitos”. Contudo, para Pablo Diener e Fátima Costa, seus desenhos na Viagem Pitoresca “trazem idealizações, tanto na representação das paisagens e nas cenas costumbristas como nas composições sobre a população; buscam [...] responder aos anseios daqueles que projetavam sobre este espaço sul-americano um lugar para seus sonhos, seja de sobrevivência ou de uma fuga romântica para o reencontro com o mundo natural”. Para Newton Carneiro, “o problema do negro impressiona-o e o comove. [...] Ao contrário de outros artistas que os caricaturam e ridicularizam, procura dignificá-los até no seu próprio padecimento.”