(Londres/Inglaterra, 1793-1839?) Pintor, desenhista e viajante inglês. Pertenceu a uma família de artistas de origem estadunidense. Seu pai, James Earl, era retratista, e seu tio Ralph Earl, um pintor. Augustus Earle ingressou em 1807 na Royal Academy, em Londres, onde realizou sua formação artística, identificando-se com a tradição satírico-social inglesa iniciada no século XVIII. Após participar, com obras históricas e de tema militar, de algumas exposições coletivas em Londres entre 1806 e 1815, nas quais foi premiado, partiu em viagem para o Mediterrâneo, visitando Sicília, Malta, Tunísia e Líbia. Em 1819 foi aos Estados Unidos, e chegou pela primeira vez ao Brasil em 1820, com 26 anos de idade, para uma permanência de dois meses no Rio de Janeiro. Após visitar Chile em junho e permanecer no Peru de julho a dezembro, retornou ao Brasil no início de 1821, onde ficou até 1824. Instalou-se no Rio de Janeiro, mas visitou outras regiões do país. Durante essa estadia, conheceu Maria Graham, que aproveitou alguns de seus trabalhos para ilustrar seu Diário de uma viagem ao Brasil e de uma estada neste país durante parte dos anos de 1821, 1822 e 1823. Depois de ter passado nove meses sozinho na ilha deserta de Tristão da Cunha (acidentalmente deixado para trás pelo navio em que viajava), visitou Nova Gales do Sul, a Austrália, a Nova Zelândia, a Índia e várias regiões do sudeste Asiático. Partiu novamente para a América do Sul como pintor da expedição Beagle, ao lado de Charles Darwin. Sua última visita ao Rio de Janeiro ocorreu em 1832. De lá, seguiu para Montevidéu e retornou definitivamente à Inglaterra, onde ainda expôs até 1837. Destacou-se na pintura histórica e de gênero, registrando cenas dos locais que percorreu através das lentes do exotismo. De sua permanência no Brasil restam duas dezenas de aquarelas e desenhos, a maior parte dos quais integra o acervo da Biblioteca Nacional de Camberra, na Austrália. Para o crítico David James, "podem ser divididas em quatro categorias: paisagens, cenas populares, retratos e espécimes de história natural. [...] É nas cenas populares que Augustus Earle revela seu grande talento para captar a essência da vida da gente do povo, no momento em que o Brasil passava de colônia a império." Para o crítico, Earle estaria mais próximo de Rugendas que de Debret, pois não teria sido tão influenciado pelas concepções neoclássicas que se encontram no pintor francês.