(Rio de Janeiro/RJ, [1845?]-1891)
Pintor. Filho de escravos africanos, ingressou em 1864 na Academia Imperial de Belas Artes do Rio de Janeiro e foi aluno de Victor Meireles, Jules Le Chevrel e Agostinho José da Mota, de quem recebeu forte influência na pintura de naturezas-mortas. Lecionou no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Manteve relações com o Grupo Grimm, cuja proposta era a observação direta da natureza, substituindo a apreciação entre quatro paredes, mas não rompeu com a Academia. Conquistou a medalha de prata nas exposições gerais de Belas Artes de 1876 e 1879, a medalha de ouro de segunda classe na exposição geral de Belas Artes de 1884 e o prêmio aquisição na exposição geral de 1890. Quando, contrariando todas as expectativas, não recebeu o primeiro prêmio na Exposição Geral de Belas Artes de 1879, protestou durante a seção solene diante do próprio Imperador, o que lhe rendeu a suspensão dos estudos por um ano. Sob muitos aspectos, Estevão Silva é considerado um dos maiores pintores brasileiros de natureza-morta, destacando-se especialmente no tema das frutas tropicais, embora também tenha praticado o retratismo e a pintura histórica, religiosa e alegórica, sem contudo obter nesses gêneros a mesma notoriedade. José Teixeira Leite avalia que o artista "soube captar, numas poucas laranjas ou limões, numa melancia, numa simples penca de bananas, toda a sua rústica poesia." Para Duque Estrada, “é difícil e até parece impossível pintar frutos melhor do que os tem pintado Estevão”. Segundo o crítico, "o colorido quente, intenso, gritalhão de seus frutos, reunido à escuridão das sombras, dá aos quadros, mesmo aos menores, um aspecto de rudeza que domina e destrói a macieza aveludada, a delicadeza voluptuosa com que tratava alguns espécimes da natureza frutífera dos trópicos."
Estevão Silva
Natureza-morta (1891)
MAB 01-1448