(Santo Amaro da Purificação/BA, 1940)
Pintor, desenhista, gravurista e escultor. Nascido numa tradicional família de ourives, aprendeu marcenaria, linotipia e estudou composição gráfica na Imprensa Oficial de Santo Amaro da Purificação. Em 1959, realizou sua primeira exposição individual ainda em sua terra natal. Mudou-se para Salvador na década de 1960 e ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde estudou gravura com Henrique Oswald (1918-1965). Como disse o artista na comemoração dos seus 50 anos de vida artística: “Nos anos 70, a xilogravura dá um salto para abstração quase informal, em princípio armada dentro de estruturas tensas onde a cor desaparecia, em função de fazer surgir os meios-tons e dos cinzas, dos pretos e da impressão quase seca, onde o veio da madeira vinha à tona criando leves texturas cinzentas ou quase pretas”. Com essa característica em sua evolução estética, ele foi premiado com medalha de ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, Itália, em 1972. No ano seguinte, recebeu o prêmio provindo da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) de melhor gravador, e, em 1983, o de melhor escultor. Foi diretor do Museu de Arte da Bahia (1981-1983). Lecionou artes gráficas e escultura no Arts College, na The City University of New York (1988). Expôs em várias galerias e mostras nacionais e internacionais, somando cerca de 50 exposições individuais e mais de 150 coletivas. Foi diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo (1992-2002) e fundador do Museu Afro Brasil (2004), do qual é o atual diretor curatorial. Em 2007, foi homenageado pelo Instituto Tomie Ohtake com a exposição Autobiografia de um Gesto, que reuniu obras de 45 anos de carreira. Sobre suas características artísticas, Aracy do Amaral comenta que “Emanoel Araujo abandonaria em inícios dos anos 70 a figuração que trabalhara (...) a madeira seria durante alguns anos ainda o suporte para seu trabalho, a matéria vegetal expondo-se visual e estruturalmente, embora absorvida sempre sob a forma de planos retangulares justapostos ou em movimentação compositiva. Ou velada em policromia, que privilegia invariavelmente o vermelho e o negro, as cores de Exu, e, portanto, em evidente simbologia da ritualística afro-brasileira. (...) a moldura retangular se impõe frequentemente. Assim, suas formas angulosas, agressivas, dançantes ou hieráticas, nunca distantes de rituais expressos pelos próprios títulos conferidos pelo artista, passam a se inserir na paisagem como no espaço, entreabertas ou interrompidas no ar, em jogo constante de obtenção de formas através dos cheios-vazios. A luminosidade em seu trabalho é sempre limitada pelo escultor através da policromia obrigatória, em sua incessante e característica movimentação.”