Dona Olga do Alaketu

(Salvador, BA, 1925 – 2005)

Olga Francisca Régis, conhecida como Olga do Alaketu, foi mãe de santo do terreiro de candomblé “Ilê Maroiá Láji” – o famoso “Terreiro do Alaketu” - por 57 anos. Filha de Etelvina Francisca Régis, Dona Olga é descendente direta da fundadora do terreiro, a africana Otampê Ojarô (que aqui no Brasil foi batizada de Maria do Rosário), princesa da linhagem real Arô, do Antigo Reino de Ketu, localizado no atual país Benin. Sendo o “Ilê Maroiá Láji” um terreiro cuja sucessão de liderança obedece à linhagem sanguínea feminina, após sua morte Olga foi substituída por sua própria filha, Jocelina Barbosa Bispo.

Quando Olga nasceu, em 09 de setembro de 1925, a sacerdotisa do terreiro, localizado no bairro Matatu de Brotas, em Salvador (BA), era sua tia-avó Dionísia Francisca Régis. Foi mãe Dionísia quem iniciou Olga para o Orixá Iansã quando esta tinha dezesseis anos. Antes, aos 11 anos, Olga havia sofrido um acidente enquanto brincava e quase ficou cega. Segundo conta, foi o caboclo Jundiara quem a curou, com a condição de que ela cuidasse dele, o que fez até a sua morte. 

Olga de Alaketu tornou-se mãe de santo em 1948, aos 23 anos, época em que mães de santo famosas e carismáticas comandavam os principais terreiros de Salvador; enquanto Mãe Menininha reinava no Gantois, Mãe Senhora liderava o Axé Opô Afonjá. Foi grande, portanto, a responsabilidade desta moça de 23 anos ao assumir a liderança da casa. No entanto, desde pequena Olga já vinha sendo preparada por Mãe Dionísia para exercer a função com seriedade e comprometimento. 

No inicio dos anos 70 Olga mudou-se para São Paulo, onde residiu por 20 anos, voltando constantemente a Salvador para as festas e obrigações em sua casa de candomblé. A mãe de santo teve endereço na Pamplona e em diversas casas no bairro da Vila Madalena. Na capital paulista, Dona Olga realizava consultas e pequenos trabalhos, sendo que em 1998 participou de um seminário promovido pelos programas de Pós-graduação em Sociologia da USP e da PUC-SP. Antes, em 1997, Olga havia recebido do então presidente Fernando Henrique Cardoso a Ordem do Mérito Cultural, prêmio dedicado a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento cultural do país.

Ao todo, Olga iniciou mais de duzentos filhos e filhas-de-santo, ao passo que teve oito filhos biológicos com José Cupertino Barbosa, sendo que dois deles faleceram, restando-lhe três homens e três mulheres. Todos possuem cargos e responsabilidades no Terreiro do Alaketu. José, o filho mais velho, por exemplo, é Axogum da casa. 

Por seus filhos de santo e de sangue, Dona Olga de Alaketu é sempre lembrada como mãe generosa, carinhosa e acolhedora. Estava sempre disponível para atender aos seus filhos. Possuía duas qualidades indispensáveis a uma boa líder: ser paciente e ter enorme facilidade para ensinar. 

Ao longo de sua vida, a mãe de santo foi amiga de políticos ilustres como Getúlio Vargas e Jucelino Kubistchek e sua casa era constantemente visitada por Edson Carneiro, Pierre Verger, Gilberto Gil, Jorge Amado e Camafeu de Oxóssi. O terreiro do Alaketu foi tombado em 2004 pelo IPHAN no mesmo dia 3 de dezembro em que o ofício da baiana de acarajé tornou-se patrimônio cultural imaterial do Brasil. 


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Fontes e Referências

Foto: Madalena Schwartz / Instituto Moreira Salles 

Bibliografia:
AMADO, Jorge. Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. Desenhos de Carlos Bastos. 27ª Edição. Rio de Janeiro: Record, 1977.

BERNARDO, Teresinha. Negras, mulheres e mães: lembranças de Olga de Alaketu. São Paulo: EDUC; Rio de Janeiro: Pallas, 2003. 

SILVEIRA, Renato da. Sobre a fundação do terreiro do Alaketu IN: Revista Afro-Ásia 29-30. Bahia, UFBA, 2003.









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  • 1º de janeiro