“A valorização recente do candomblé deve-se a forte impressão causada pelas figuras carismáticas das mães de sento da Bahia, como Menininha, que contribuíram decisivamente para a popularização do culto. A ialorixá tornou-se símbolo de algo que transcendeu amplamente o universo do povo de santo.”
Regina Echeverria e Cida Nóbrega
“Chego de viagem, vou visitar Mãe Menininha (...). Sou recebido por Creusa, sua filha, cercada de ekedes e iaôs. "Vá entrando que é bem-vindo e Mãe lhe espera." Somos amigos há mais de quarenta anos, quase cinqüenta. Ela se recorda do dia em que nos conhecemos, aqui mesmo, nessa casa de Oxóssi, no alto do Gantois. A bata de rendas, a saia florada, toda em tons amarelos, eis a Oxum da Bahia, o rosto de bondade e a voz da experiência. A mesa coberta com alva toalha, os objetos de prata, rituais, as pedras do mar e dos rios, na mão de Menininha os búzios sagrados. O jogo começa, a mãe-de-santo conversa com os encantados, rompe o mistério, revela o segredo, afasta os malefícios. Ela sabe do ontem e do amanhã.”
Jorge Amado, no livro Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios.