Raphael Bordalo Pinheiro foi um escritor, ceramista e caricaturista português que veio para o Brasil a convite de Ângelo Agostini (1843-1910) e aqui se associou ao espírito Republicano, que deu a marca para muitos dos editorias de suas revistas. Bordalo Pinheiro foi um desenhista fora de série que marcou época no O Mosquito, jornal satírico que deixava a elite polvorosa.

Bordalo editou varias outras obras sobre a vida política e cultural do Rio de Janeiro. Ele foi ilustrador em diferentes canais da imprensa da época e foi ainda o criador dos periódicos críticos hoje históricos como O Psit!!! e O Besouro, jornais políticos e de humor com desenhos e caricaturas magistralmente executadas por ele. Alguns dos títulos publicados pelo caricaturista a partir de 1875 tiveram a colaboração e grande parceria do líder negro José do Patrocínio, o tigre da abolição. Muitas de seus trabalhos contextualizavam com fatos históricos da época de Dom Pedro II, fatos sobre a capital do Império, o Rio de Janeiro, fatos que ademais colocavam o dedo nas muitas feridas sociais que foram abertas pela aristocracia e pela classe política do país. Bordalo Pinheiro, em suas charges e caricaturas, fazia ácidas críticas ao conservadorismo e embotamento da sociedade burguesa por meio da explicitação, não sem humor, daquela cultura do cinismo, violência e exploração que caracterizou o período da escravidão no Brasil.

Por ocasião de sua morte, disse seu amigo José do Patrocínio a respeito dele e de sua obra: “todo o olhar inteligente que pairar sobre o Antonio Maria e O Besouro, sem falar das outras obras, não poderá deixar de exclamar: é um gênio!” (A Notícia, Janeiro de 1905)