(1930)
Formada em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, a artista Maria de Lourdes Bettencourt de Castro se influenciou pela vanguarda francesa e em Paris estudou com o pintor e gravurista húngaro, naturalizado Francês, Arpad Szenes (1897-1985). Sua primeira exposição ocorreu em Lisboa em 1954, desde então acumula mais de três dezenas delas, com inúmeras exposições individuais. Destacam-se os seus trabalhos expostos na V Bienal de São Paulo (1959); 1ª. Bienal de Paris (1961); Salon de Mai, Paris (1964); Stattliche Kunsthalle, Baden-Baden; Galerie Edouard Loeb, Paris (1966); XVI Bienal de S. Paulo (1981); “Lourdes Castro et Montrouge au Portugal”, Salon Montrouge, Paris (1995); XXIV Bienal de S. Paulo (1998); O Grande Herbário de Sombras, F. C. Gulbenkian, Lisboa (2002); “À Distância Linha de Horizonte”, Lourdes Castro e Manuel Zimbro, Chiado 8 Arte Contemporânea, Lisboa, entre outras exposições. Na virada da década de cinquenta para a de sessenta, Lourdes Castro se juntou a outros artistas para criar a revista: “KWY: Da abstracção lírica à nova figuração”. Na década de 1960 a artista explorou as técnicas da assamblage, colagem e iniciou seus trabalhos com sombras nas quais as linhas eram projetadas em contornos que seguiam parte das formas de pessoas. Estes trabalhos, que lhe deram grande destaque já eram, desde o início, elaborados em serigrafias, mas também sobre telas durante este primeiro período artístico. Posteriormente, outros suportes lhe serviram de experimentos e suas sombras foram projetadas em lençóis, acrílico, entre outros materiais. Nos anos de 1970, Lourdes Castro atuou ainda em performances associadas ao teatro de sombras. A artista tem obras em coleções públicas e privadas como Museu de Arte Moderna, Belgrado; Museu de Arte Moderna, Havana; Museus Nacional de Varsóvia e Victoria e Albert Museum, Londres, entre outros. Uma classificação corrente de sua obra que a cercaria estritamente a um neo-figurativismo talvez minimizaria as reconstruções da linha propostas pela artista cujo abstracionismo por vezes se esconde detrás de figuras “supostas” pela nossa imaginação. É nesse registro que a intitulação da pintura “Sombras Projetadas de Christine e Samuel Buri” de 1966 pode trata-se antes de uma homenagem ao pintor e muralista (que foi representante suíço na bienal de São Paulo de 1971), que de uma definição aonde os olhos devessem supor o delineamento de uma rígida forma. Sendo assim, numa observação mais livre, esta obra pode nos fazer resistir contra a fixação do olhar nas linhas, fazendo tanto o seu parcimonioso uso da figuração quanto a sua consideração técnica no uso das cores contrastantes demonstrarem que a obra de Lourdes Castro vai muito além do neo-figurativismo.