(1947)
Antonio Manuel, nascido na cidade de Avelãs de Caminha, Portugal, é autor de importantes trabalhos que marcaram a história da arte contemporânea brasileira. Ao longo de sua diversa produção artística, o artista aponta questões relacionadas aos limites que separam arte e vida, os cruzamentos entre a arte conceitual e as experiências do construtivismo brasileiro sem, contudo, abandonar uma característica reflexão crítica sobre o contexto social e político no Brasil. Ações políticas durante a ditadura militar, ações efêmeras e a crítica à violência cotidiana são enfatizadas em seus primeiros trabalhos realizados no final da década de 1960 a partir de interferências em jornais impressos, ambientes, objetos e apresentações.
Desde os 6 anos de idade, Manuel mantém residência na cidade do Rio de Janeiro onde realizou estudos na Escolinha de Arte do Brasil (EAB); no ateliê de Ivan Serpa e na Escola Nacional de Belas Artes (Enba). Neste contexto carioca, os encontros com Hélio Oiticica, Lygia Pape e Lygia Clark foram muito significativos para a sua trajetória. Ao lado do primeiro, Manuel realizará diversos projetos coletivos destacando-se as participações em Apocalipopótese, próximo ao MAM-RJ, em 1968; neste momento o artista apresenta vinte pequenas caixas de madeira vedadas, intituladas Urnas quentes; e, por exemplo, na obra Tropicália, durante a exposição Nova Objetividade (MAM-RJ), em 1976. A participação de Antonio Manuel em célebres mostras do período de repressão militar brasileira impactavam a comunidade artística pelo caráter subversivo e revolucionário de seus projetos. Entre eles destaca-se O corpo é obra, realizado em 1970, onde o artista apresentou seu corpo nu em poses que remetem a esculturas, na abertura do XIX Salão Nacional de Arte Moderna mesmo sendo sua proposta rejeitada pelo júri. Para Antonio Manuel “A vida é maior que qualquer coisa”.