Pixinguinha

(Rio de Janeiro, RJ, 1897 – 1973)


Pixinguinha 1Nascido no Rio de Janeiro em 23 de abril de 1897, data em que é comemorado o dia de São Jorge, Alfredo da Rocha Vianna Filho foi o caçula dos oito filhos de Alfredo da Rocha Vianna e Raimunda Maria da Conceição. As reuniões de chorões que o pai Alfredo, flautista, fazia em sua casa no bairro do Catumbi, Rio de Janeiro, encantava a criançada, tanto que a maior parte dos filhos seguiu a paixão do pai, inclusive Alfredo filho, que se tornou Pixinguinha, um dos maiores músicos brasileiros da história, exímio flautista, saxofonista, compositor e arranjador de choros, sambas e valsas.  

Pizindim foi o primeiro apelido do garoto Alfredo Filho. Mais tarde, após contrair Bexiga na época da epidemia, o apelido modificou-se para Bexiguinha e depois Pexinguinha, terminando por ficar conhecido como Pixinguinha. Aos onze anos o menino começou a aprender música com os irmãos mais velhos tocando cavaquinho e logo se destacou entre os demais. Aos doze anos compôs seu primeiro choro, chamado Lata de leite, homenagem aos chorões que, ao voltarem da boemia, bebiam os leites já deixados nas portas das residências pela manhã. 

Pixinguinha aprendeu a tocar flauta com o professor Irineu de Almeida e aos 14 anos já participava de ranchos e sociedades carnavalescas. Nessa época, seu irmão mais velho, conhecido como China, lhe arranjou o primeiro emprego como músico, tocando em cabarés na Lapa. Com o sucesso na noite, três anos depois, em 1914, Pixinguinha foi convidado a trabalhar como flautista na Orquestra do Teatro Rio Branco. O músico também tomava parte nas famosas reuniões de sambistas e chorões na casa da Tia Ciata, tido como o berço do samba carioca. Ali, participou do nascimento do primeiro samba gravado, Pelo telefone, estrondoso sucesso do carnaval de 1917. Em 1919, por sua vez, Pixinguinha emplacou seu primeiro sucesso do festejo com Já te digo, tornando-se figura bastante conhecida da música da cidade. 

No início da década de 20 teve grande sucesso o grupo “Os oito batutas”, formado por Pixinguinha para tocar na sala de espera do Cinema Palais, templo da elite carioca da época. O espaço, que antes era dedicado a ritmos estrangeiros como polca, mazurcas e xotes, recebia pela primeira vez um repertório de música nacional, com os choros e sambas de Pixinguinha, Donga e companhia. Após a boa recepção da temporada de estreia, o grupo excursionou por todo o Brasil com grande destaque e adicionou ao seu repertorio “emboladas”, “cocos” e “desafios”. A flauta de Pixinguinha era constantemente elogiada pela crítica, por onde passava o grupo. 

Em 1922 os Oito Batutas realizaram uma temporada em Paris com enorme sucesso, para desapontamento da crítica racista no Brasil, que não deixou de desferir seus preconceitos pelo fato de oito negros estarem representando a música brasileira no exterior. A temporada que seria de três meses, durou o dobro de tempo, tamanho o êxito. Ao voltarem para o Brasil, os Oito Batutas ainda realizaram turnê pela Argentina antes do grupo se desfazer. Pixinguinha tornou-se então maestro da Orquestra da Companhia Negra de Revistas, famoso teatro de revista da época, que contava, entre outras personalidades negras, com o jovem ator Grande Otelo.

Foi no Teatro de Revistas que Pixinguinha conheceu aquela que seria sua esposa e companheira desde 1927, ano do casamento, até o final de sua vida. Albertina da Rocha, a Betty, era a estrela da Companhia Negra de Revista e com Pixinguinha teve um filho adotivo, chamado Alfredo da Rocha Vianna Neto, conhecido como Alfredinho. 

Em 1930 Pixinguinha tornou-se maestro exclusivo da maior gravadora da época, a RCA Victor, e lá orquestrou seu maior sucesso, Carinhoso, música que o consagraria em definitivo como um dos maiores compositores da nossa música. Com o Grupo da Velha Guarda o flautista orquestrou e gravou com os maiores cantores da época. De Ismael Silva a Carmen Miranda, de Noel Rosa a Carlos Galhardo.

Na década de 40, Pixinguinha ficou impossibilitado de tocar flauta e adotou o saxofone como instrumento. Neste período, formou dupla com o flautista Benedito Lacerda. Os contrapontos que o sax de Pixinguinha fazia à flauta de Lacerda tornaram-se famosos e consagrados na história da MPB. O mestre mudava de instrumento, mas sua habilidade e sensibilidade musical ainda eram as mesmas. Acompanhados pelo Grupo da Velha Guarda, em 1954 a dupla tocou no Parque do Ibirapuera por ocasião da comemoração do quarto centenário da cidade de São Paulo, quando Pixinguinha recebeu uma homenagem da comissão do evento.

Ao longo da década de 60 as homenagens ao mestre só iriam aumentar, entre medalhas, prêmios e shows. Dentre os quarenta troféus e prêmios, destacam-se dois Discos de Ouro, o Jubileu de Prata da Rádio Roquete Pinto, a Ordem Comendador do Clube de Jazz e Bossa e o Diploma da Ordem do Mérito do Trabalho, recebido das mãos do presidente da república. Em 1968 Pixinguinha gravaria ao lado dos amigos Clementina de Jesus e João da Baiana, um dos mais sublimes e preciosos documentos da nossa música popular, o LP Gente de Antiga, composto de sambas, choros, batucadas, corimas e partido-alto. 

Em 17 de fevereiro de 1973 Pixinguinha faleceu dentro da igreja Nossa Senhora da Paz, onde estava para batizar o filho de um amigo. Foi enterrado no dia seguinte, no cemitério de Inhaúma, Rio de Janeiro, ao lado de sua mulher, que falecera um ano antes.

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Fontes e Referências 

Foto: Walter Firmo 

Bibliografia:
SILVA, Marília T. Barboza da; OLIVEIRA FILHO, Arthur L. de. Filho de Ogum Bexiguento. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1979.

FIRMO, Walter. Pixinguinha e outros batutas. Apresentação Emanoel Araújo. São Paulo: Pinacoteca do Estado: 1997. (Catálogo de exposição realizada na Pinacoteca do Estado (SP), no período de 11/05 a 08/06/1997).

 

 



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