Jamelão

José Clementino Bispo dos Santos - Jamelão (Rio de Janeiro – RJ - 1913 – 2008)


JamelãoJosé Clementino Bispo dos Santos, conhecido como Jamelão, foi um sambista da Estação Primeira de Mangueira. Muitos o reconhecem como o maior intérprete de sambas enredo da história do carnaval brasileiro. Apesar de ser conhecido como Intérprete da Verde e Rosa, tornou-se famoso como cantor do rádio e crooner, tendo gravado diversos discos de samba canção, com grande sucesso. Entre outros, Sambas para todo gosto (1963), Jamelão (1970), Jamelão interpreta Lupicínio Rodrigues (1972), Jamelão (1980).  

Quando menino, Jamelão trabalhou como engraxate e jornaleiro, tempo em que aprendeu a batucar e tocar cavaquinho. Aos 15 anos, por intermédio do compositor Gradim, conheceu a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, onde iniciou sua trajetória no samba como ritmista, tocando tamborim na bateria. Aos poucos, se enturmou com os bambas e participou das rodas de samba na praça onze, se destacando pelo vozeirão que o tornaria famoso.

Na década de trinta cantou em diversas gafieiras da cidade maravilhosa, onde inclusive teria ganhado o apelido de Jamelão (embora outra versão do fato sugira que tenha sido no rádio). Em 1947, depois de uma tentativa frustrada, venceu o concurso de calouros da Rádio Clube do Brasil e foi premiado com o contrato de um ano com a gravadora Continental. A partir daí passou a cantar no rádio e nas boates mais famosas do Rio de Janeiro, tonando-se inclusive crooner da famosa
Orquestra Tabajara, liderada por Severino Araújo, grupo que o acompanharia em diversos shows ao longo da carreira. 

Em 1949 Jamelão foi escolhido para ocupar o lugar - até então ocupado pelo grande sambista e compositor Xangô da Mangueira - na função de cantar os belos sambas enredos que animam os desfiles da Escola. Como intérprete, tornou-se bicampeão logo em seus dois primeiros desfiles, faturando ao todo treze títulos, sendo quatro bicampeonatos, em 57 anos como intérprete (1949 – 2006). O último título da verde-e-rosa, em 2002, foi cantado por Jamelão, “Brazil com Z é para Cabra da Peste, Brasil com S é a Nação do Nordeste”. 

Em 1968 Jamelão entrou para a Ala de Compositores da Mangueira, enquanto seguia gravando sambas românticos que o tornaram conhecido como cantor de assim chamados sambas “dor de cotovelo”. Alguns de seus maiores sucessos foram: "Fechei a Porta" (Sebastião Motta/ Ferreira dos Santos), "Leviana" (Zé Kéti), "Folha Morta" (Ary Barroso), "Exaltação à Mangueira" (Enéas Brites / Aluisio da Costa), "Eu Agora Sou Feliz" (Mestre Gato / Jamelão) e "Quem Samba Fica" (Tião Motorista / Jamelão).

A década de noventa trouxe inúmeros títulos e homenagens a Jamelão. Em 1998 ele conquistou seu sexto Estandarte de Ouro como Intérprete do carnaval carioca. No ano seguinte foi eleito o “Intérprete do século” do carnaval carioca. Os anos dois mil chegaram e as homenagens prosseguiram. Em janeiro de 2001 Jamelão foi empossado Presidente de Honra da Estação Primeira de Mangueira, ao passo que em novembro do mesmo ano recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Cultural das mãos do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso. 

Jamelão faleceu em 14 de junho de 2008, aos 95 anos, vítima de uma infecção generalizada. Seu corpo foi velado no Palácio do Samba, sede da Mangueira, Escola de Samba do seu coração. Cobrindo o caixão estavam as bandeiras da verde-e-rosa e do Clube Vasco da Gama. O corpo foi sepultado no cemitério do caju, ao som do Surdo Um da mangueira, marcando o compasso do enterro.


Fontes e Referências

Foto: Walter Firmo/ Reprodução: Henrique Luz

Bibliografia:
CABRAL, Sérgio. A nação verde-e-rosa. São Paulo: Prêmio Editorial, 1998. 

Internet:
Portal G1

almanaque.folha.uol.com.br/jamelao.htm

Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. (online)



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