Na maior exposição do gênero no país, o curador convidado Claudinei Roberto da Silva observa a sensível eloquência de objetos inanimados
O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, abre a temporada 2024 de seu Programa de Exposições com uma mostra que vem provocar uma reflexão extensa e contemporânea sobre as artes plásticas.
A mostra As Vidas da Natureza-Morta, com mais de 300 obras e entrada grátis na data de sua abertura no Museu, vem tirar o visitante de sua zona de conforto, diante das consagradas referências de natureza-morta usuais ao senso comum. Sempre disposto a ampliar a nossa reflexão sobre arte e propondo uma investigação sobre a história recente e passada do gênero, a partir da produção de artistas brasileiros e estrangeiros do século XIX até a atualidade, o curador Claudinei Roberto da Silva partiu do acervo da instituição, contando igualmente com obras de outros renomados equipamentos culturais do país, além de contribuições de artistas e colecionadores.
Segundo o curador, “desvelando os entrelaçamentos entre estética, política e a vida cotidiana, o gênero Natureza-morta, presente na história da arte do Ocidente desde pelo menos o século XVII, continua relevante, servindo de ensejo para as especulações artísticas contemporâneas.”
São muitos os destaques numa exposição que tem um elenco estelar composto por 61 artistas acadêmicos, populares, modernos e contemporâneos. Dentre eles, cabe mencionar o artista negro Estevão Silva, que morreu no Rio de Janeiro em 1891 e conferiu expressão extraordinária ao gênero.
Outros nomes são destacados pelo curador:
Aldemir Martins (1922-2006), artista cearense que merece homenagem, com pinturas, gravuras e desenhos; Alina Okinaka (1920 1991), artista nipônica que, com duas pinturas presentes, mostra sua excelência; a paulistana, contemporânea e conceitual Ana Luiza Dias Batista (1978, São Paulo), cujas investigações de caráter altamente intelectual, humor ácido e viés político, traz aqui uma instalação e fotografias; Anita Malfatti (1889-1964) a ilustre paulistana, fundamental no movimento modernista de 1922, com 2 pinturas; o surpreendente e refinado ceramista afrodescendente e cearense Antonio Pulquério, com cerâmicas e assemblagens; o pintor e gravurista gaúcho Carlos Scliar (1920-2001), com 3 pinturas e o incontornável e polivalente paulistano Sidney Amaral (1973-2017), com uma única escultura que foi poucas vezes mostrada.
Está contemplado ainda pelo curador o tratamento que, contemporaneamente, as mulheres negras e não negras dedicam ao tema quando, através dele, questionam as relações de poder estabelecidas desde o microuniverso da vida cotidiana e doméstica, até o macro universo da economia e da política.
Nesse sentido, as pinturas da artista baiana Yêdamaria (1932-2016) presentes na mostra são obrigatórias, com os últimos trabalhos realizados durante residência no Museu Afro Brasil Emanoel Araujo. Tem destaque também o excepcional trabalho da jovem pernambucana Juniara Alburquerque que, dos ossos que recolhe no sertão, propõe uma poética arrebatadora sobre a seca e a fome. No universo da arte conceitual, a mostra conta ainda com a produção de Mariana Martins (1958, São Paulo), em seu trabalho de classificação não óbvia, interseccionando arte gráfica, escultura e assemblagem.
Sobre o curador da mostra:
Claudinei Roberto da Silva (professor, curador, artista visual) nasceu em 1963 em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em Educação Artística pelo Departamento de Artes da Universidade de São Paulo. Como curador realizou, entre outras, a exposição do artista Sidney Amaral “O Banzo, o Amor e a Cozinha”, no Museu Afro Brasil, a “13ª Bienal Naïfs do Brasil”, no Sesc Piracicaba e a série “Pretatitude. Insurgências, emergências e afirmações. Arte afro-brasileira contemporânea” em várias unidades do Sesc São Paulo. Também contribuiu como curador convidado para o projeto de “Pesquisa MAC USP Processos Curatoriais - Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Artes Visuais: Diásporas Africanas nas Américas”. Coordenou o Núcleo Educativo do Museu Afro Brasil e é curador convidado da instituição para o ano de 2023. É também curador convidado para o “Programa de orientação em artes visuais POPAV”, do Centro de Pesquisa e Formação CPF SESC - São Paulo, no mesmo ano. Curador do 37º Panorama das Artes do Museu de Arte Moderna de São Paulo (2022-2023), faz parte do Conselho Curatorial da referida instituição. Enquanto artista, tem obras no acervo do Museu Nacional de Cultura Afro-brasileira - MUNCAB, em Salvador, Bahia.
SERVIÇO:
Abertura da Exposição:
Sábado, 13 de abril de 2024, 11 horas, com entrada grátis neste dia.
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