O Museu Afro Brasil lamenta a morte de Elifas Andreato (1946-2022), autor de uma das mais importantes séries de obras iconográficas das principais referências da música brasileira.
Elifas Andreato - uma luz que se apaga
O artista Elifas Andreato, está irremediavelmente unido à música popular brasileira no que se refere à sua representação artística estampada nas capas dos long-plays editados no Brasil.
Elifas Andreato – pintor, desenhista, artista multimídia – mas sobretudo um inventor de obras desses artistas por ele imortalizados através do olhar perspicaz da sua arte ao exprimir suas criações, naqueles espaços de centímetros, tamanha realidade e invenção.
Esses desenhos ou pinturas não só exaltam o conteúdo interior dos músicos, mas também retratam com tamanha maestria expressionista os retratos que vão muito além de uma simples representação.
Muito poderia se falar sobre suas criações, de sua maestria em expressar sentimentos tão profundos.
Elifas é um mágico que põe emoção na interpretação do fazer; uma obra de arte com a intimidade pela qual ele quer dizer, e diz, de maneira sentimental; vivendo o que o músico soprou no seu ouvido.
Sua obra não se resume numa simples representação fotográfica, naturalista, ela vai muito além, com a invenção dos seus retratados ele abstrai, cria novas formas, novas cores, faz dos seus retratados uma invenção plástica, como pintura, como composição, como grafia de um criador incansável.
Aí está, portanto, um artista magnífico no que faz e no que cria, rever sua obra é sempre um motivo revelador, pelo que ela expressa com a magia da sua comunhão com a música e seus criadores, cantores e compositores, tudo que vem na união da alma entre eles.
Assim muitas de suas obras nas capas desses discos são de extraordinária criação, aí está “Nervos de Aço” de Paulinho da Viola, “Canta Canta Minha Gente” de Martinho da Vila ou ainda o sorriso enigmático de Clementina de Jesus e a geometria no disco de Criolo.
Duas de suas obras expostas mostram a versatilidade do artista: o painel dedicado ao músico Pixinguinha e o “Pandeirista”.
Por certo são muitos os desenhos, as pinturas, os grafismos que ilustram suas criações com seu talento dedicado a imortalizar a música e os músicos brasileiros.
Emanoel Araujo
Diretor curador
Museu Afro Brasil