SEMINÁRIO “MULHERES TRANSFORMAM OS MUSEUS NO MUSEU AFRO BRASIL: HISTÓRICO, BALANÇO E HORIZONTES"

07 de dezembro de 2021
No próximo dia 10 de dezembro, o Museu Afro Brasil organiza, em parceria com o Sistema Estadual de Museus de São Paulo (SISEM-SP), o seminário “Mulheres Transformam os Museus no Museu Afro Brasil: histórico, balanço e horizontes”. Evento integra a programação do Sonhar o Mundo, que discute, em 2021, “Soluções Sistêmicas para o futuro que queremos: Mulheres”

Desde 2020, o Sonhar o Mundo, iniciativa que nasceu como campanha e segue seu percurso para se tornar um programa, abrigou o tema “equidade de gênero” por meio da parceria desenvolvida entre SISEM-SP e o coletivo transnacional “Mujeres cambian los museos. De la igualdad a la equidade”. 

“Mulheres Transformam os Museus: da igualdade à equidade”  tem como proposta configurar uma cartografia contemporânea de boas práticas sobre as questões da memória através do protagonismo feminino e narrativas de comunidades, por meio da análise das práticas museológicas, educacionais e artísticas envolvidas com os territórios, promovendo a equidade de gênero e os direitos humanos em contexto ibero-americano.

Dando continuidade a este ciclo de sensibilização e discussões, a programação de encerramento do ano de 2021 conta com uma série de atividades oferecidas pelos museus paulistas em torno do tema “Soluções Sistêmicas para o futuro que queremos: Mulheres”.

Integrando esta programação, o Museu Afro Brasil organiza o seminário “Mulheres Transformam os Museus no Museu Afro Brasil: histórico, balanço e horizontes”, que ocorrerá no formato híbrido (presencial e online) e será organizado em dois momentos de diálogos e trocas. 

A primeira mesa contará com a participação da Profa. Dra. Lilian Amaral (Artista Multidisciplinar, Diretora do Projeto Mulheres Transformam os Museus no Brasil/DIVERSITAS USP), Daniel Perseguim (Mídia-designer e educador) e Davidson Kaseker – diretor do Grupo Técnico de Coordenação do Sistema Estadual de Museus (GTC/SISEM-SP). Nela serão discutidas as conquistas, obstáculos, recursos e demandas que emergiram dos processos de escuta e intercâmbio desenvolvidos ao longo de 2021 pelos três países articuladores do projeto Mulheres Transformam os Museus – Espanha, Argentina e Brasil. Estes processos envolveram uma centena de museus e espaços, compondo diretrizes das discussões para este encontro que fará uma avaliação do projeto em processo, bem como discutirá desdobramentos e novas articulações nacionais e internacionais.
 
A segunda mesa terá como convidadas a artista transdisciplinar Maré de Matos (participação online) e a Coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil, Simeia Mello. A mesa será mediada pela Coordenadora de Planejamento Curatorial da instituição, Sandra Salles, e nela será apresentada a vídeo-carta produzida pela artista em parceria com o Museu, como um dos desdobramentos da ativação de sua obra “Púlpito Público”, exibida desde maio de 2021 no espaço externo da instituição, situada no Parque Ibirapuera.

Mulheres Transformam os Museus 

Fortalecer redes, ampliar o intercâmbio, dar visibilidade às práticas e pesquisas em torno da arte e da memória lideradas por mulheres em contexto iberoamericano estão entre os desafios permanentes do projeto intercontinental em debate neste seminário. 

Além da página web especialmente desenvolvida para agregar as múltiplas vozes e miradas entrelaçadas, contando com a participação de pesquisadoras, artistas, museólogas, educadoras e gestores participantes das diversas ações ao longo de 2020 e 2021: seminários periódicos, oficinas de narrativas audiovisuais, com a produção de cerca de 32 vídeo-cartas, além de encontros de escuta ativa participativa, associam-se ao estudo para implementação de autodiagnóstico junto a museus no Brasil, bem como a edição de um vídeo-livro que será publicado em 2022 como um dos diversos resultados gerados pelo projeto colaborativo.

O Púlpito Público

Com trabalhos que se situam no vão entre os territórios da imagem e da palavra, a artista Maré de Matos busca exercitar, por meio de linguagens híbridas, o tensionamento entre versão e verdade; história única e contra-narrativas polifônicas.  Com o Púlpito Público, a artista problematiza o monopólio do uso da palavra, dominado por alguns poucos porta-vozes que ocupam nosso espaço público, propondo a polifonia como partilha e o respeito às diferenças como direito fundamental.

Concebida como uma plataforma, na qual diferentes trajetórias, simbolizadas por três escadas partindo de pontos distintos, convergem, Púlpito Público representa o encontro e os múltiplos caminhos que levam até ele. A obra conta com megafones instalados em seu topo, de modo a evocar, através de sua ativação, a pluralidade de vozes.

Sobre a ativação da obra Púlpito Público e a vídeo-carta
Dentre as inúmeras violências perpetradas em corpos negros no Brasil, resultante da permanência das lógicas coloniais e consequentemente do racismo, está o genocídio que, nesse momento, encontra-se marcadamente acentuado em jovens negros, como dados denunciam de forma contundente. São inúmeras vidas que, apenas por carregarem em seus corpos a insígnia da cor, são exterminadas brutalmente, esgarçando suas redes de afeto, interrompendo sonhos, continuidades e possibilidades múltiplas. 

Tal projeto resultante da desumanização e da criminalização de corpos negros vem possibilitando que essa brutalidade cotidiana seja naturalizada pela sociedade, cujos tentáculos se constituem ainda em períodos coloniais, perpetuando-se e se intensificando em momentos de ruptura democrática como a ditatura militar.  

Sonhar o Mundo, portanto, nesse cenário, pressupõe a possibilidade de construção de mundos diversos e plurais em que a juventude negra seja parte constitutiva dessa sociedade, não mais entendida como corpos a serem abatidos, mas como vidas e potências que não podem ser apagadas e exterminadas pelo racismo. É aqui que se encontra o mote da vídeo-carta produzida junto ao Projeto Mulheres Transformam os Museus pelo Museu Afro Brasil conjuntamente com a artista Maré de Matos: Sonhar o Mundo é interromper esse extermínio. Portanto, não se trata apenas de denúncia, mas de perceber a vida que esses corpos portam em si. Não exterminar vida é não exterminar talentos. 

SERVIÇO

Seminário “Mulheres Transformam os Museus no Museu Afro Brasil: histórico, balanço e horizontes”

Convidada/os: Maré de Matos (artista transdisciplinar - participação online), Lilian Amaral (Artista Visual, Diretora do Projeto Mulheres Transformam os Museus no Brasil / DIVERSITAS USP), Simeia Mello (Coordenadora do Núcleo de Educação/Museu Afro Brasil), Daniel Perseguim (Mídia-designer e educador), Davidson Kaseker – diretor do Grupo Técnico de Coordenação do Sistema Estadual de Museus (GTC/SISEM-SP).

Local: Museu Afro Brasil – Auditório Ruth de Souza
Data: 10/12/2021
Horário: 10-13h

Haverá transmissão online e certificado de participação
Não é necessária inscrição prévia

 



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