Cartola: Ourives Musical

30 de novembro de 2021
O Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil dedica esse texto ao Sr. Antônio Araújo

No dia 30 de novembro de 1980 o mundo dos viventes tornou-se um pouco menos brilhante, um pouco menos elegante: Angenor de Oliveira adentrava o mundo dos ancestres, onde certamente fora recebido com festas, pompa e galhardia. 

Cartola, como era conhecido, foi um dos artistas mais renomados da música brasileira e motivo de orgulho nacional. Um legítimo representante da diáspora negra, autor de canções inesquecíveis como “O mundo é um moinho”, “Corra e olha o céu”, “As rosas não falam” e “Preciso me encontrar”, entre tantas outras, carregadas de poesia e de sua capacidade de transformar palavras em verdadeiras pedras preciosas lapidadas. Trabalho calmo de ourives cuja matéria-prima é o som da própria vida. 

Nascido em uma família humilde no bairro do Catete em 11 de outubro de 1908, foi um dos fundadores da Estação Primeira de Mangueira, histórica escola de samba carioca para a qual compôs o primeiro samba. 

Contrariando o que comumente falava-se sobre os sambistas, músicos e moradores das favelas, tidos como boêmios e arruaceiros, Cartola era trabalhador. Foi pedreiro, lavador de carros, vigia, zelador, além de poeta, sua profissão primária.

Felizmente, sua consagração chegou em vida com a gravação de seu primeiro disco solo em 1974, pouco antes de completar seus 66 anos. Intitulado simplesmente “Cartola”, o álbum continha grandes clássicos do músico-ourives, como “Tive sim” e “Alvorada”, tornando-se de imediato um disco icônico e fundamental para a escuta brasileira. 

Interpretado por milhares de cantoras e cantores, Cartola segue imortal e sua obra insiste em nos lembrar a grandeza delicada da afro brasilidade.  



Imagem: Walter Firmo (Catálogo "Isso é Coisa de Preto" Museu Afro Brasil)

 



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