34ª Bienal de São Paulo: Exposição individual de Frida Orupabo

28 de outubro de 2021

Frida Orupabo, Sem título, 2021. Foto: Gerhard Kassner. Cortesia Galerie Nordenhake

A mostra, em cartaz de 28/8 a 05/12, combina fotografias e imagens do arquivo pessoal da artista para criar colagens digitais que exploram temas de raça, gênero, identidade, sexualidade 

O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, gerida pela Associação Museu Afro Brasil – Organização Social de Cultura, apresenta, entre os dias 28 de agosto e 5 de dezembro, exposição individual de Frida Orupabo, artista e socióloga radicada em Oslo (Noruega). O evento, que é correalizado com a Fundação Bienal de São Paulo e conta com o apoio internacional do Nordic Culture Fund e Office for Contemporary Art Norway (OCA), é parte da programação da 34ª Bienal de São Paulo Faz escuro mas eu canto, em cartaz no Pavilhão da Bienal no Parque do Ibirapuera e outros espaços culturais da cidade entre 4 de setembro e 5 de dezembro.

“O trabalho de Frida Orupabo amplifica e torna evidentes os violentos processos de objetificação do corpo da mulher negra, desde a época colonial até os dias de hoje”, explica o curador da 34ª Bienal, Jacopo Crivelli Visconti, responsável pela seleção de obras e artistas desta edição da mostra ao lado de Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez. Orupabo. A edição desse ano pretende reivindicar o direito à complexidade e à opacidade, tanto das expressões da arte e da cultura quanto das próprias identidades de sujeitos e grupos sociais.

Frida Orupabo, Sem título, 2021. Foto: Gerhard Kassner. Cortesia Galerie NordenhakeSobre a exposição

Artista essencialmente digital, no sentido de que a sua prática se alimenta de imagens disponíveis na internet, Orupabo as assimila, elabora e transforma por meio de descontextualizações e colagens. Embora, recentemente, o seu trabalho tenha se desdobrado também em obras físicas, o seu perfil de Instagram (@nemiepeba) continua sendo o “âmbito mais avançado da sua prática”, como afirmou o também artista Artur Jafa, um de seus mentores.

Nesse espaço, desde 2013, Orupabo vem construindo uma espécie de interminável colagem digital, constituída por imagens, textos e vídeos, originais e apropriados, que registram e expõem o legado duradouro do colonialismo em cenas e imagens que vão do racismo e do sexismo mais explícitos a exemplos de violência familiar e questões envolvendo gênero e identidade.

Esse mesmo arquivo digital constitui também o ponto de partida da maioria das suas esculturas, colagens e fotomontagens físicas, nas quais a artista permanece sem acesso ao nome dos seus sujeitos – cujas imagens anônimas e martirizadas são de domínio público e derivadas dos processos coloniais de objetificação. A artista opera enfatizando seu direito a olhar, e não apenas a ser olhados.

“Os meus trabalhos não são silenciosos” – diz ela –, “eles falam para quem olhar para eles. Como as minhas colagens, a maioria das figuras olha diretamente para você; te obriga a vê-las, mas elas também te veem. Criar trabalhos que ‘olham de volta’, para mim, é questionar uma ‘mirada branca’ e sua percepção do corpo negro”.

Embora seu processo de trabalho mantenha uma relação direta com a fluidez da internet, Orupabo utiliza um método de composição quase artesanal. O processo de corte e recomposição das imagens adquire, assim, uma dimensão íntima, pessoal e afetiva, que contrasta com a violência exposta nos corpos fragmentados de mulheres negras, seus membros e troncos reunidos em estranhas, aflitivas marionetes articuladas, cujo olhar imóvel nos acusa.

Sobre a 34ª Bienal de São Paulo

34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto pretende reivindicar o direito à complexidade e à opacidade, tanto das expressões da arte e da cultura quanto das próprias identidades de sujeitos e grupos sociais. O ponto focal em que se articulam as múltiplas situações de encontro entre obras de arte e público que integram o projeto será a mostra coletiva que ocupará todo o Pavilhão da Bienal. Curada por Jacopo Crivelli Visconti, Paulo Miyada, Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi e Ruth Estévez, a mostra reconhece a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual, enquanto reivindica a necessidade da arte como um campo de encontro, resistência, ruptura e transformação.

Exposição individual de Frida Orupabo – 34ª Bienal de São Paulo
Visitação: 28 de agosto a 5 de dezembro, das 10h às 17h (permanência até as 18h) Local: Museu Afro Brasil Endereço: Parque Ibirapuera, Portão 10 Ingressos: R$ 15 (meia-entrada R$ 7,50). Entrada gratuita às quartas-feiras.

Obras: Frida Orupabo, Sem título, 2021.
Foto: Gerhard Kassner. Cortesia Galerie Nordenhake

 

 



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  • 24 e 25 de dezembro
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  • 1º de janeiro