Expressões da alma e do Imaginário brasileiro

16 de fevereiro de 2021
O Brasil, no seu imenso território, faz com que, de cada lado, explodam forças criativas. De norte a sul, de leste a oeste, é isso que, desde os tempos remotos, faz com que esse “continente” seja rico de manifestações artísticas, com seus pintores, escultores, entalhadores, barristas, ourives etc. 

São todos artistas de alma livre desse universo de expressões fantásticas. Dos mais antigos aos mais jovens, da academia à arte espontânea, dos artistas chamados eruditos que se inspiram nas raízes de pura brasilidade, na vida rural ou mesmo na periferia das grandes cidades. 

Pensando nos versos do poeta Jorge de Lima, essa exposição se insere no imaginário desse rico torrão brasileiro, ora constituído, ora fragmentado de expressões que varrem sobre diferentes caminhos. Aqueles habitados pelos donos da terra e outros que surgiram com os invasores brancos e os negros escravizados, essa miscigenação que constitui o maior exemplo da multifacetada história social desse grande país. E, sobretudo dessa sua originalidade, a dos povos das florestas, aqueles que resistem há muito mais de quinhentos anos, sofrendo com as sucessivas invasões, destruição, ocupação de territórios, mortes, desaparecimento de nações inteiras. 

Conquistadores vindos do outro lado do mundo, com a ferocidade dos descobridores, varrendo a terra virgem exuberante de matas e florestas abundantes. E trazendo consigo outros povos já escravizados para arar e plantar a terra, buscar o ouro, as pedras preciosas, o açúcar, o café, o fumo e outras, e muitas outras coisas. 

Construíram as riquezas das cidades, das casas, das estradas, escravizando gentes, buscadas para produzir riquezas, aqueles que foram fundamentais para o desenvolvimento de, pelo menos, quinhentos anos de trabalho com muitas atrocidades. E que, mesmo assim, escravizados, foram influenciadores da cultura nacional, na música, na literatura, nas artes plásticas, na dança, sem, contudo, esquecer seus dogmas, suas origens de grandes escultores, metalúrgicos, tecedores, joalheiros vindos nos desgraçados navios, regiamente contratados para a viagem do outro lado do mundo. 

E, assim, esse país se edificou sob a égide da invenção dos nativos, forasteiros brancos e escravizados negros. E, assim, como um grande 

caldeirão, foram surgindo seus poetas, seus artistas, seus músicos, seus escultores, seus pintores, buscando se expressar nesse cabedal de experiências, de conflitos, de buscas, de interpretações apreendidas na temperança de um tempo. Do viver, do apreender, do aprender com o universo das representações dos diferentes séculos, sequiosos de sabedoria, fosse do povo, fosse dos letrados, fosse dos brancos, fosse dos pretos. 

Essa exposição trata, de maneira inédita, dessas diferentes expressões e linguagens, envolvendo artistas de muitos naipes criativos, postos que aqui estão, nesse inventário, nomes importantes da arte brasileira desde o século XVIII, XIX, modernistas e contemporâneos. Artistas vicinais da expressão, que chamamos a alma da cultura brasileira, sem uma definição teórica que diminui aqueles criadores cuja a vida pulsa como qualquer criador universal, nacional, regional. Como a vida latente em todos os homens e mulheres desse país, sem limites para a criação que pulsa, assim como a vida de todo dia. 

Emanoel Araujo
Diretor curatorial do Museu Afro Brasil

 



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