Programação diversificada reuniu, entre outros, lançamentos de livro, documentário e abertura de uma nova instalação
Nem mesmo o dia nublado foi capaz de desanimar as mais de 2,5 mil pessoas que, no último dia 20 de novembro, participaram da extensa agenda de atividades especiais programadas para o Dia da Consciência Negra no Museu Afro Brasil. A movimentação em frente à entrada principal do museu começou logo cedo. Por volta das 9h da manhã, ou seja, antes mesmo das portas do museu serem abertas, dezenas de visitantes já se aglomeravam para contemplar, e fazer muitas fotos, da instalação “Más-caras”, do artista plástico Ciro Schu, exibida do lado externo do museu e cuja abertura oficial ocorreu às 10h, reunindo além de visitantes uma série de convidados, entre artistas, curadores e músicos, da cena de arte urbana de São Paulo. A trilha sonora do evento foi comandada pelo “Dj tudo e sua gente de todo lugar”, que agitou o público com brasilidades e ritmos afros.
Vale ressaltar que o evento aconteceu em uma segunda-feira (dia em o museu está normalmente fechado) e a entrada foi gratuita.
Um dos mais emocionantes momentos do dia também ocorreu no período da manhã, porém, na parte interna do museu, especificamente na sala onde se encontra a escadaria de linhas barrocas projetadas por Oscar Niemeyer. No local, o organista Bruno Tadeu regeu o Madrigal Pe. José Maurício interpretando a “Missa em Fá para Nossa Senhora” e o “Te Deum para as Matinas da Conceição”. A apresentação homenageou os 250 anos do compositor Padre José Maurício, primeiro maestro negro da história do nosso país.
A programação matutina do Dia da Consciência Negra foi encerrada com o lançamento do livro “Mojubá, Obá Biyi!”, de Marcos Santana. Dezenas de visitantes aproveitaram a presença do autor para garantir um autógrafo no livro que conta a história da vida de Mãe Aninha de Afonjá, que por oito décadas foi um símbolo de luta e resistência pela afirmação de valores culturais e religiosos africanos e afro-brasileiros na Bahia.
O período da tarde teve a programação concentrada no auditório Ruth de Souza. Primeiro com a exibição do documentário “GUZO – The Search for the Origin of Music”, de Tiago de Oliveira Pinto, que conta a jornada de um dos pianistas de jazz mais famosos da África, o etíope Samuel Yirga de Addis Abeba, em busca da diversidade de uma música arcaica e multifacetada da Etiópia. Em seguida ocorreu o lançamento do documentário e do videoclipe da produção audiovisual “Nega que é nega não nega ser nega não!”, do cantor, compositor e diretor Fabio Nunez que, ao final das exibições, reuniu algumas protagonistas do documentário em um interessante bate-papo com os visitantes do museu.
ABERTURA COM CHAVE DE OURO Oficialmente, as celebrações do Museu Afro Brasil em homenagem ao Dia da Consciência Negra tiveram início na tarde do domingo, dia 19, com a apresentação do Coral Jovem do Estado (Projeto Guri Santa Marcelina), que reuniu dezenas de pessoas na marquise do Museu Afro Brasil. Na ocasião, o público foi arrebatado por uma performance de tirar o fôlego com a apresentação do programa “São Paulo Maputo Salvador”, que trouxe um olhar contemporâneo sobre a conexão musical Brasil-África sob regência dos jovens Tiago Pinheiro e Lenna Bahule.