Antonio do Brasil (1918-2017)

12 de maio de 2017
Há um ano de completar seu centenário, morreu um dos mais arrojados intelectuais brasileiros de todos os tempos. Homenageá-lo, tentando apresentar, post-mortem, a sua importância ao país não é tarefa das mais fáceis. Não será suficiente dizer que desde que iniciou seus estudos sociais na Universidade de São Paulo, nos idos anos 30, tanto a Literatura, a Filosofia, as Ciências Sociais e a Política, suas décadas dedicadas ao ensino e à pesquisa como docente da mesma universidade (que por intrigas palacianas negou seu primeiro ingresso) e sobretudo seu amor pelo caipira, pelo trabalhador, em suma, pelo brasileiro e pelo Brasil em geral, sempre foram a sua “cruz” e “espada”. Sua biografia sempre estará incompleta se o seu biógrafo tentar encontrar apenas nas linhas e entrelinhas a humanidade que abarcou a alma do intelectual Antônio Candido de Mello e Souza; porque o Antônio não foi só o intelectual, ele foi o brasileiro que viveu para pensar a literatura e o Brasil.

Ele sobrevive em suas filhas e filhos com este grande legado intelectual que pensa o Brasil a fundo, sempre com os olhos calmos, generosos e rigorosamente técnicos de um verdadeiro mestre. Sua obra, toda ela de peso, dividida entre inúmeros livros e artigos, bem como a sua carreira de crítico literário, iniciada desde os anos de 1940 como colaborador da Folha da Manhã, O Estado de São Paulo, Diário de São Paulo e diversos outros meios de comunicação, ainda poderemos ter a honra de ter acesso, e assim, sua obra o manterá vivo entre nós.

Discípulo vivaz de Roger Bastide (1898-1974), o intelectual Antônio do Brasil tinha em mente que os elementos fundadores do país são a alma da compreensão deste. Sendo assim...

“O povo brasileiro (1995) de Darcy Ribeiro
Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda
O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco
Ser escravo no Brasil (1982), de Kátia de Queirós Mattoso, 
A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart 
A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes
Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre
Formação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior
A revolução burguesa no Brasil (1974), de Florestan Fernandes
Etc.etc.etc.”


...são alguns dos livros indicados por ele para se “conhecer o Brasil", segundo a matéria de Antônio Cândido para a Revista Fórum (17/05/2013). Sobretudo modesto, excluiu de sua lista os frutos majestosos de sua própria pena, essenciais para a literatura, para os brasileiros, enfim, para o Brasil: 

Formação da literatura brasileira: momentos decisivos (1959)
Os Parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida (1964)
Política Cultural (1984)
O Romantismo no Brasil (2002)
Etc.etc.etc...


Luiz Carlos Jackson em “A tradição esquecida: Os parceiros do Rio Bonito e a sociologia de Antonio” publicado em 2002, (p.195) disse: “Converso muito com Antonio Candido sobre os padrões mineiros e os padrões paulistas. Em São Paulo, por exemplo falamos António, o apelido é Totó. Em Minas, é Antônio e o apelido é Totonho”.  Para nós, o Antônio Cândido, seja ele Totó, seja Totonho, sempre será o Antônio do Brasil.


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