Os Akpalôs, em algumas regiões da Nigéria, são os contadores de histórias que não apenas encantam as pessoas com as narrativas ficcionais, mas fazem também a crônica do cotidiano, levam notícias, colocam grupos e povos em contato. Esses contadores, normalmente, se locomovem de um lugar a outro para contar suas histórias. Alguns pesquisadores identificam nessa experiência nigeriana a ancestralidade de nossa Velha Totonha, contadora de histórias criada por José Lins do Rego, que cruzou o nordeste do Brasil marcando o imaginário de crianças e adultos com suas narrativas.
Segundo Neide A. de Almeida, coordenadora do projeto, “inspirados por essa ideia criamos o Projeto Akpalô, um programa de formação de mediadores culturais voltado para comunidades que estejam em situação de vulnerabilidade social, com o objetivo de subsidiar a abordagem de questões identitárias envolvidas no enfrentamento do preconceito, da discriminação, e do racismo”.
A intenção dessa iniciativa é que os participantes formados durante o projeto atuem, posteriormente, como mediadores culturais nos territórios em que residem, contribuindo para que suas comunidades conheçam a história e as culturas africanas e afro-brasileiras.
Pretendemos com isso, contribuir para o processo de sensibilização e conscientização das comunidades parceiras, no que diz respeito à sua identidade cultural e ao processo de (re)construção de seu imaginário, especialmente por meio do acesso a bens culturais, aos quais muitas vezes essa população não tem acesso.
Para a implementação do Projeto tomamos como ponto de partida o acervo da exposição de longa duração do Museu Afro Brasil, as ações de mediação e formação realizadas pelo Núcleo de Educação, as orientações previstas pela lei 10.639/2003 para o ensino da história e das culturas africanas e afro-brasileiras e as ações já realizadas pelos integrantes do projeto. Nessa experiência, o Museu Afro Brasil atua em parceria com o Ibeac – Instituto Brasileiro de Educação e Apoio Comunitário e o projeto tem como público principal jovens mediadores culturais da região de Parelheiros, extremo sul da cidade de São Paulo. Mas vale dizer que outros mediadores se juntaram ao grupo como os representantes do Cedeca Sapopemba, professores, participantes do Polo de Leitura LiteraSampa, entre outros interessados em promover o enfrentamento a superação da discriminação, do preconceito étnico-racial e do racismo.
A programação envolve, além do processo de formação, a realização de visitas mediadas para integrantes da comunidade parceira ao acervo do Museu Afro Brasil e o desenvolvimento de de ações culturais em espaços da comunidade de Parelheiros, mais especificamente nos bairros Barragem, Colônia e Nova América.