Em 8 de março de 1917 cerca de 90 mil operárias russas foram às ruas protestar contra o czar Nicolau II. Na pauta: as más condições de trabalho, a fome e participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Conhecida como "Pão e Paz", a manifestação foi tão importante que é apontada, por historiadores, como um dos eventos que desencadearam a Revolução Russa. Com o passar do tempo, a data se consolidou no calendário internacional, como marco da luta das mulheres de todo o mundo por igualdade em relação aos homens. Celebrado com maior intensidade nas décadas 1910 e 1920, o Dia Internacional da Mulher foi recuperado pelo movimento feminista na década de 1960, sendo adotado oficialmente pelas Nações Unidas no ano de 1977.
Mas as manifestações por mais direitos às mulheres remontam ao século XIX, quando elas começaram a ser incorporadas em massa ao mercado de trabalho. Um acontecimento que hoje tem contornos míticos – a greve de operárias do setor têxtil de Nova York em 1857, ocorrida em outro 8 de março – também é tido como uma das origens da comemoração. O início do século XX foi marcado por uma série de atos públicos que visavam estabelecer o direito de voto e melhores condições de trabalho.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a dedicar uma data em homenagem às mulheres: 28 de fevereiro de 1909, uma iniciativa do Partido Socialista Americano. No ano seguinte ocorreu a primeira Conferência Internacional de Mulheres, em Copenhague (Dinamarca), quando foi aprovada a proposta da socialista alemã Clara Zetkin, de criação de um dia internacional, embora nenhuma data tivesse sido especificada. No ano seguinte, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado a 19 de março, por mais de um milhão de pessoas, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça. O março de 1911 ainda ficaria marcado pelo incêndio da fábrica da Triangle Shirtwaist, na cidade de Nova York: 123 mulheres morreram (costureiras, em sua maioria) e 23 homens. Historiadores afirmam que o acontecimento também ficou associado no imaginário popular ao Dia Internacional da Mulher.
RUTH E CAROLINA – Neste domingo, o Museu Afro Brasil vai celebrar o Dia Internacional da Mulher – com uma homenagem a duas grandes mulheres da cultura brasileira: a atriz Ruth de Souza e a escritora Carolina Maria de Jesus (1914-1977). As duas artistas nomeiam, respectivamente, o teatro e a biblioteca da instituição.
Ao longo do dia os educadores do Museu Afro Brasil realizarão, nas áreas expositivas, breves leituras de fragmentos de textos – prosa e verso – de autoras negras. Após a intervenção, os visitantes receberão um marcador de página com o fragmento lido pelo educador.
Nascida em 1921, em Engenho de Dentro (RJ), Ruth de Souza é reconhecida como uma das principais atrizes brasileiras, de fama nacional e internacional, atuou em teatro, televisão e cinema. Sua sólida carreira foi construída através de dedicação e perseverança, abrindo caminhos para diversos atores negros que até então não tinham espaço, seja no teatro, na televisão ou no cinema brasileiro.
Autora do clássico Quarto de Despejo (1960), um best seller com 100 mil exemplares vendidos e já publicado em 13 idiomas, Carolina Maria de Jesus é um nome fundamental da literatura brasileira do século XX. Nascida em Sacramento (MG), a escritora era moradora da comunidade do Canindé, zona norte de São Paulo, e trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em cadernos que encontrava no lixo. O ano 2014 marcou o centenário de seu nascimento.