Jorge dos Anjos, 2002, pedra sabão (foto: Nelson Kon)
Para o artista plástico mineiro Jorge dos Anjos, de 57 anos, o espaço do seu ateliê, em Belo Horizonte, é sagrado: “é como se fosse um terreiro de candomblé, onde as coisas se sucedem religiosamente”. No próximo dia 30 de agosto, a partir das 10h30, ele conversará com o público sobre sua concepção da sacralidade e, também, sua trajetória artística, obra e o processo de trabalho, no Teatro Ruth de Souza, do Museu Afro Brasil, Instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. O diálogo faz parte do projeto trimestral “Encontro com Artista”, realizado pelo Núcleo de Educação, e integra a programação especial de aniversário de 60 anos do Parque Ibirapuera.
“O encontro promove uma interlocução entre os visitantes e o convidado, com o objetivo de ampliar as possibilidades de apreciação estética do participante, a partir do contato com a obra e com a história do artista”, explica Neide de Almeida, coordenadora do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil.
Um dos temas a serem abordados por Jorge dos Anjos será o da ancestralidade. Para esse filho de santo, que tem Xangô e Ogum como orixás protetores, “a arte africana é referência fundamental porque é ancestral, fala da minha origem, da minha raiz”. E acrescenta: “Esta questão da matriz cultural é uma das coisas que mais contribuem para realização do meu trabalho”
Desenhista, pintor e escultor, nascido em Ouro Preto, MG, em 1956, Jorge dos Anjos começou cedo seus estudos na Fundação de Arte da cidade natal. Aluno de Amilcar de Castro, Ana Amélia e Nello Nuno, fez cursos de desenho, gravura, pintura e escultura. Realizou várias exposições individuais e coletivas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, obtendo expressivos prêmios em salões de arte nacionais.
As obras de Jorge dos Anjos integram o acervo de museus de Belo Horizonte e importantes coleções particulares do Brasil e no exterior. Extremamente versátil, produz esculturas em madeira e ferro, pinturas, aquarelas e objetos. Suas esculturas e painéis estão em significativas obras de arquitetura contemporânea de Belo Horizonte e suas luminárias e totens – pinturas sobre cestas de taquara – decoram casas e hotéis, figurando nas melhores revistas de design e decoração do Brasil e do exterior.
Publicou, em 1988 em parceria com Álvaro Andrade Garcia, o livro de desenhos e poemas intitulado Visagens e, em 2002, o livro Caderno de Pele e de Pelo, com Guiomar de Grammont e Guilherme Mansur.
Jorge dos Anjos participou das exposições “A mão afro-brasileira” (1988) e “A nova mão afro-brasileira” (2013), ambas com curadoria de Emanoel Araujo. Obras do artista podem ser apreciadas nos catálogos dessas mostras. Na exposição de longa duração do Museu Afro Brasil, o visitante poderá apreciar a obra “Colunas” (2002), que integra o Núcleo “Artes Visuais: a mão afro-brasileira”.
inscreva-se: eventos.educacao@museuafrobrasil.org.br