Narradora de causos, superstições, crendices e autora do clássico romance Água Funda (1940), Ruth Guimarães morreu nesta quarta-feira, 21/05, aos 93 anos de idade, em sua cidade natal, Cachoeira Paulista, distante cerca 200km de São Paulo. Ruth foi vítima de uma parada cardíaca, após procurar atendimento médico na Santa Casa do município. Ela sofria de diabetes.
Primeira autora negra a ganhar atenção da crítica e do público nacionais, Ruth escreveu mais de 40 livros, entre romances, contos, poesia, crônica, e ensaios, como o seminal, Filho do Medo, precursor do estudo da demonologia no Brasil. “Água Funda é um livro engraçado, livro da vida de todos os dias, é um livro de acontecências, ele tem verdade. Eu escrevi o que o existe, o que eu sinto. Não coloquei nenhuma mentira naquele livro”, afirmou Ruth, a respeito de sua obra mais famosa, durante o evento “Negras Palavras, Encontro de Gerações”, promovido pelo Museu Afro Brasil, no ano de 2007.
Considerada a primeira autora negra a ganhar reconhecimento nacional, Ruth escreveu mais de 40 livros, entre romances, crônicas, contos e poesia. Traduziu autores clássicos como Honoré Balzac.
Formada em Letras e em Arte Dramática pela Universidade de São Paulo (USP), e discípula de Mário de Andrade, Ruth foi titular de colunas nos jornais Folha de S. Paulo, e Estado de S. Paulo. Desde 2009, ela ocupava uma cadeira na Academia Paulista de Letras. “Eu conto a história da roça, de gente da roça, do caipira. Eu não me importei muito se havia uma tendência, ou se havia uma inclinação para contar a história do preto; como também eu sou misturada, o meu livro é misturado”, acrescentou sobre Água Funda.