Hoje se completam cem anos de vida de Dorival Caymmi, compositor baiano que embora falecido em agosto de 2008, continua vivo através de suas músicas, na lembrança e no imaginário do povo brasileiro. Anízio Carvalho. Retrato de Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé. Fotografia. Coleção particular
“Não sei de artista mais importante que Dorival Caymmi entre os baianos que escrevem, pintam, esculpem ou compõem”, assim Jorge Amado definia em 1947 a importância do músico Dorival Caymmi para a cultura baiana. Nascido em 30 de abril de 1914, o compositor foi uma das mais belas vozes que cantou e encantou o Brasil. Foi obá de Xangô do Axé Opô Afonjá e amigo querido de Mãe Menininha do Gantois e do artista plástico Carybé, entre tantos outros baianos ilustres. Caymmi, com estilo particular, cantou o mar da Bahia de todos os Santos, o mar aonde a nação Brasil nasceu, de onde vieram os negros, acompanhados das loas, do banzo, dos batuques e de seus amores. Dorival cantou o Amor. O amor do pescador pelo mar, do mar pelo pescador, da mulher, de Iemanjá, do homem, do menino. Dorival cantou a cultura afro-brasileira, o acarajé, a baiana, o dendê, o caruru, o vatapá, o Bonfim, a mistura.
No ano em que se comemora o centenário da existência de Caymmi e 10 anos de existência do Museu Afro Brasil, o músico é um dos homenageados da exposição “O Que É Que a Bahia Tem” que será inaugurada no dia 08 de maio. A exposição é uma forma de gratidão por aquele que primeiro valorizou e expressou nacionalmente a cultura afro-brasileira, já cristalizada por todo território do país que, no entanto, ainda relutava em reconhecer a contribuição fundamental do negro e da mistura para a riqueza de sua cultura.