A partir do trabalho com as mãos, a rica e fecunda arte popular do Brasil demonstra em termos visuais o talento, o esforço criativo e a inventividade temática que possuem os artistas populares de nossa terra. Essa amostra do acervo de arte popular do Museu Afro Brasil apresenta desde as “figureiras” de Taubaté – São Paulo; a arte cerâmica do Vale do Jequitinhonha e de Campo Alegre – Minas Gerais; a obra de arte de Capela – Alagoas; até os trabalhos em terracota e cerâmicas das regiões de Caruaru e também de Olinda, Pernambuco. Essa pequena seleção, em seu conjunto, é representativa, pois inclui artistas populares já consagrados que possuem, em sua maioria, peças suas em importantes acervos de arte popular no Brasil e no exterior.

São eles: “Nena” (Maria Eronildes Laurentino - 1973), discípula do grande João das Alagoas; artista que demonstra uma habilidade extraordinária com seu “Comício”, uma obra cujo talento de execução, beleza e riqueza de detalhes saltam aos nossos olhos. O “Mestre Luiz Antônio” (Luiz Antônio da Silva, 1935), artista tarimbado, com mais de 50 anos de estrada nos oferece seu carinhoso “Fusca”, e é dele também o divertido “Time de Futebol”. O “Mestre Manuel Eudócio” (Manuel Eudócio Rodrigues, 1931) é outro veterano na arte de trabalhar o barro. Ele nos apresenta alguns dos modelos mais conhecidos da graciosa arte cerâmica de Olinda. Bem como Maria Cândida Monteiro (1961-2010), cuja família tradicionalmente imprime em obras cenas variadas como as religiosas, folclóricas ou do cotidiano e nos brinda aqui com seu “Tema de Barro”. O filho de lavradores “Mestre Vitalino” (Vitalino Pereira dos Santos, 1909-1963), que fez escola em sua terra natal, Caruaru, é um dos mais conhecidos e valorizados artistas populares Brasileiros. Sua tradição artística se perpetuou tanto que, mesmo hoje, cinquenta anos após sua morte é possível encontrar ainda inúmeros artífices que reproduzem seu estilo. Seu filho, “Severino Vitalino” (Severino Pereira dos Santos, 1940) nos presenteia nessa amostra com seus “cangaceiros”, uma das figurações típicas da cerâmica nordestina.

Também os artistas do Vale do Jequitinhonha (MG) utilizam a técnica da cerâmica com muita qualidade e com estilo próprio muito bem identificado. Nomes como Jacinta G. Barbosa Xavier (1937), João Pereira de Andrade (1952) e Isabel Mendes da Cunha (1924) incrementam esta mostra com bustos e representações singulares do cotidiano mineiro. São aqui exibidas ainda as peças das “figureiras” de Taubaté (SP), cujos delicados trabalhos em cerâmica remontam a tradições religiosas muito antigas. São reelaborações modernas da criação de presépios que ocorriam nas antigas igrejas da Taubaté desde o séc. XVII. As artes das “figureiras” e dos mestres da terra, em seu gesto criador, nos mostram emocionados o fantástico movimento que vai das mãos ao barro, fazendo do barro vida e da vida arte.






“A Arte das Figureiras e dos Mestres da Terra”.
Abertura: 27/11 - 20h
Local: Museu Histórico e Pedagógico “Prof. Flávio da Silva Oliveira” 
Rua João Procópio Sobrinho, 397 - Centro, Porto Ferreira - SP