Museu Afro Brasil expõe coleção Odorico Tavares

24 de março de 2013
Além de dezenas de obras modernistas, a coleção é marcada pela presença de artistas pernambucanos como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e Mestre Vitalino, por pintores populares da Bahia, e conta, ainda, com mobiliário e valiosos exemplares de arte sacra.


Em homenagem ao centenário de nascimento do poeta e colecionador pernambucano Odorico Tavares, o Museu Afro Brasil exibe uma das mais importantes coleções privadas de arte brasileira com a exposição "Modernidade - Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares". A abertura da mostra acontece na quinta-feira, dia 25 de abril, às 19h.
Portinari, Di Cavalcanti, Pancetti, Volpi, Djanira, Carybé, Antônio Bandeira, Manabu Mabe, Flavio-Shiró, Francisco Brennand, Aldemir Martins e Mário Cravo Júnior são alguns dos artistas incorporados à coleção, que engloba também artistas internacionais como Picasso e Miró.

"Odorico orientou sua coleção pensando na modernidade", diz o curador Emanoel Araujo, que na década de 80, no Museu de Arte da Bahia, curou a primeira exibição pública do acervo. Além de dezenas de obras modernistas, a coleção é marcada pela presença de artistas pernambucanos como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres e Mestre Vitalino, por pintores populares da Bahia, e conta, ainda, com mobiliário e valiosos exemplares de arte sacra. Todas as facetas do colecionador convidam a um empolgante passeio por grandes momentos da arte brasileira.

Sobre Odorico Tavares
Nascido em Timbaúba (PE), Odorico passou a juventude em Recife e, em 1942, se mudou para Salvador por motivos políticos, quando atuava como secretário do jornal "Diário de Pernambuco". Na trincheira jornalística, afinou-se com a oposição aos representantes locais da ditadura do Estado Novo, integrado à militância de esquerda e às ideias de Gilberto Freyre. Seu universo de amigos incluía Álvaro Lins, Aníbal Fernandes, Freyre, Joaquim Cardozo, Mauro Mota, Odilon Ribeiro Coutinho e João Cabral de Melo Neto, entre outros.

Em 1934, ao lado de Aderbal Jurema, editou a revista literária "Momento", aproximando-se de escritores do porte de Manuel Bandeira, Mario de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Gilberto Amado, José Lins do Rego, Jorge Amado e Lúcio Cardoso. Escrito em parceria com Jurema, "26 poemas" marcou sua estreia na poesia. Em 1939, pela editora José Olympio, lançaria ainda "A sombra do mundo", mas, a partir da segunda metade da década de 40, deu ênfase ao trabalho de jornalista, realizando históricas reportagens para a revista "O Cruzeiro". À frente do "Diário de Notícias", em Salvador, manteve a coluna "Rosa dos Ventos" e criou um suplemento cultural de vanguarda, no qual os jovens Glauber Rocha, Paulo Gil Soares e Caetano Veloso publicaram críticas.

Cúmplice das aventuras culturais de Assis Chateaubriand, o magnata dos "Associados", Odorico Tavares assumiu um relevante papel na divulgação dos artistas nordestinos. Como estimulador e colaborador, contribuiu para a criação do Museu de Arte Moderna (MAM) da Bahia e dos museus regionais de Feira de Santana (BA) e Olinda (PE). Em artigos e reportagens publicados nos veículos dos "Associados", ele deu respaldo aos artistas do Modernismo e das gerações dos anos 40, 50 e 60, realçando, em especial, o valor estético dos quadros de Pancetti. Fez históricos perfis do amigo Dorival Caymmi, do cordelista Cuíca de Santo Amaro e de outros personagens míticos da Bahia, sem se esquecer do maracatu, do frevo e da religiosidade de sua terra de origem.

A qualidade da coleção de Odorico Tavares e a paixão a que a ela devotava fez com que ele encomendasse ao arquiteto Diógenes Rebouças o projeto de uma casa para abrigá-la. Esse belo projeto, implantado na escarpa do morro Ipiranga, num bairro litorâneo de Salvador, possuía uma galeria ao rés-do-chão da rua de entrada e um grande salão que se desenvolvia em um plano inferior, acompanhando a topografia do terreno. “Dessa forma, esses planos diferenciados criavam um cenário magnífico para abrigar a coleção de arte barroca, a imaginária brasileira e o mobiliário dos séculos XVIII e XIX, bem como a galeria do mezanino e a do salão de baixo, com a coleção de arte moderna, de onde se tinha uma visão panorâmica da casa", descreve Emanoel Araujo.
 
Exposição "Modernidade - Coleção de Arte Brasileira Odorico Tavares".
Abertura em 25 de abril, às 19h.
De 26/04 à 04/08.
Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 17:00
Entrada gratuita

Museu Afro Brasil
Av. Pedro Álvares Cabral, s/n
Parque Ibirapuera - Portão 10
São Paulo / SP - Brasil - 04094 050
Fone: 55 11 3320 8900

 

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  • 24 e 25 de dezembro
  • 31 de dezembro
  • 1º de janeiro