Interessado pelas artes corporais, o fotógrafo alemão Hans Silvester (1938) encontrou, na fronteira da Etiópia, Quênia e atual Sudão do Sul, ao longo do vale do rio Omo, inspiração e matéria-prima perfeitas para seu trabalho. Nessa região da África, onde povos vivem no mais profundo contato com a natureza, os povos Surma e Mursi conservaram grande parte de sua rica cultura e tradições históricas, graças a condições geográficas favoráveis que os protegem de influências exteriores. Foi neste local raro do globo que Hans desenvolveu uma série fotográfica mostrando alguns modelos nativos em poses de um naturalismo intenso.
As fotos serão exibidas na mostra As Fotografias do vale do Rio Omo, que abre no dia 25 de maio, no Museu Afro Brasil, Parque Ibirapuera, em Sao Paulo.
Antes da abertura da exposição (às 13h), o fotógrafo participará do projeto Encontro com o Artista, iniciativa do Núcleo de Educação do Museu Afro Brasil. Hans falará sobre a sua trajetória, suas viagens para o vale do Rio Omo e seu processo de criação. O Encontro será no auditório Ruth de Souza, às 11h, no piso superior do Museu Afro Brasil.
Um dos principais enfoques das fotografias da mostra, tal como foi explicado pelo próprio Hans Silvester, está a noção do “corpo como paisagem”. “O corpo é visto quase como uma peça do território, com pele e carne substituindo pedras, cerâmicas e tecidos típicos de outras culturas.” (SILVESTER,H. Natural Fashion – Tribal Decoration From Africa. New York: Thames & Hudson, 2010 p.03).
A série As Fotografias do vale do Rio Omocoloca luz sobre o modo de vida de povos que são quase inteiramente desconhecidos fora da África. A exposição também traz à tona discussões internacionais a respeito de alguns dos conceitos polêmicos e fundamentais que cruzam os distintos universos da antropologia com a arte da fotografia.