A série Proteção, comissionada pelo Museu Afro Brasil e criada por Rafaela Kennedy, propõe uma gramática visual íntima e insurgente ao retratar cenas de partilha entre a artista e sua mãe, Maria Aldenora, em sua casa. Composta por três trípticos, a obra articula corpo, imagem e memória a partir dos saberes da travestilidade, mesclando performance, fotografia e grafismos diluídos em jenipapo por Jorel Baniwa. Ao tensionar referências da arte sacra sem recorrer ao sacrifício, Kennedy transforma o cotidiano em fabulação, evocando a figura da mãe em múltiplas camadas — biológica, espiritual e comunitária — como fonte de cuidado, força e continuidade.